Os diretores do Hospital São José foram ouvidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito( CPI) na tarde dessa segunda, 23, no plenário da Câmara Municipal de Aracaju (CMA). A decisão de interrogar os gestores se deu após a instituição apresentar documentos que comprovam que sobram leitos e faltam pacientes para serem atendidos pela instituição.
Após a apresentação do intuito da oitiva, o vereador Isac Silveira ( PC do B), responsável pela relatoria do inquérito, questionou a entidade sobre os recursos recebidos, o quantitativo de leitos e sobre a influência de políticos que supostamente recebem benefícios com os atendimentos. “A direção tem meu respeito, e aqui, só queremos extrair as dificuldades e fiscalizar a realidade dos hospitais filantrópicos. Não temos a ideia de criminalizar ou pré- julgar”, esclareceu o relator.
Emocionada, a diretora presidente da instituição, Irmã Vânia, foi a primeira a falar sobre as reais dificuldades financeiras . “Temos que escolher qual dos fornecedores deve receber o pagamento, e isso é muito triste. A escolha é para que não falte nada ao paciente, do CTI por exemplo. Temos equipamento, mas não temos estrutura. Não recebemos o valor do contrato porque não existe a demanda real pré-fixada no contrato”, explica a diretora.
Já a advogada, Carolina Teixeira, que respondeu a maioria das perguntas técnicas sobre a entidade, explicou a funcionalidade do contrato firmado com o órgão municipal e demais entidades. Questionada sobre o salários dos funcionários, a gestora afirmou: ” a gente vem com muita expectativa contar a nossa realidade. Porque acreditamos que a CPI traga mudanças substancial e considerável. Boa parte dos funcionários ganham um salário mínimo, não temos super salários. Trabalhamos pela religião e amor ao próximo, prestando assistência reconhecidamente aos pobres. A nossa história é de prestação de serviços aos que mais precisam”, descreveu a advogada.
A técnica não soube discriminar os valores, nem o montante recebido entre os anos de 2012 e 2017. Também não respondeu como se dava a contratação dos médicos psiquiátricos na época . Esclareceu apenas que três empresas fazem serviços terceirizados. Sobre a relação de um suposto político que tem influência e prioridade nos atendimentos, a advogada negou que houvesse essa prerrogativa. ” Muitos políticos destinam verbas ao hospital, não vejo nada demais, fazem apenas sua obrigação como legisladores que são”, pontuou.
Outro tema bastante questionado foi sobre a transparência nas contas da instituição, o vereador e presidente da CPI, Seu Marcos (PHS), foi categórico ao indagar sobre a inexistência do portal da transparência. O parlamentar pediu detalhes sobre o número exatos da verba recebida e da dívida dos governos municipal e estadual.
Mais uma vez a diretora técnica esclareceu: “O governo deve um milhão e trezentos mil, já o município 300 mil. Sobre o portal da transparência, não temos nem site, nem como viabilizar por falta de recursos”, disse.
Sobre a falta de pacientes e sobra de leitos, outro ponto bastante crítico da oitiva, Caroline Teixeira deixou claro o que está acontecendo no processo. “ Os pacientes são encaminhados pelo sistema responsável, que é o SIGAL, que poderia ser melhor aperfeiçoado. Além disso, muitos pacientes também não vão fazer a cirurgia ou a consulta agendada. São dois fatores que não entendo o porquê que acontece. O fato é que não conseguimos nunca bater a meta estabelecida e por isso não conseguimos alcançar o valor real estabelecido no contrato” , concluiu.
Também participaram das arguições os vereadores titulares Anderson de Tuca (PRTB) , Cabo Amintas ( PTB), Jason Neto ( PDT) e a suplente da Comissão vereadora Kitty Lima ( REDE). A sessão foi aberta para a imprensa e para a população.
Foto China Tom
Por Valéria Santana e Marta Olivia Costa