Aracaju, 2 de maio de 2024
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PPGCINE/UFS SEDIA SEMINÁRIO SOBRE A POTÊNCIA POLÍTICA E PEDAGÓGICA DO CINEMA

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Com a presença de pesquisadores e estudantes de todo o país, o Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Cinema (Ppgcine), da Universidade Federal de Sergipe (UFS), realizou a 2ª edição do Seminário Interdisciplinar de Cinema. Aberto oficialmente na noite de terça-feira (14), o evento trouxe este ano como tema “A potência política e pedagógica do cinema”, cuja conferência de abertura foi ministrada pelo Prof. Dr. César Guimarães (UFMG/Belo Horizonte).

Demonstrando suas experiências de pesquisa com comunidades quilombolas e indígenas, o pesquisador ressaltou a importância de refletir sobre novas potências de saberes e aprendizados advindos das próprias comunidades. “É necessário escutar essas vozes contra-coloniais. Perceber nosso eurocentrismo e descolonizar o olhar, além de aprender com esses povos que resistem e que permanecem em movimento”, afirmou César.

A mesa de abertura contou ainda com a presença do pró-reitor da pós-graduação da UFS, Lucindo Quintans Jr., da coordenadora do Ppgcine/UFS, a Profa. Dra. Maria Beatriz Colucci e do Prof. Dr. Hamilcar Dantas (Ppgcine/UFS), que iniciou a noite com uma nota de repúdio às falsas declarações do ministro da Casa Civil, Onix Lorenzoni, sobre a UFS em entrevista ao Globo News. A universidade possui 54 programas de pós-graduação, quatro vezes com nota cinco pela Capes; além de 15 cursos de doutorado acadêmico, 17 cursos de mestrado acadêmico e quatro cursos de mestrado profissional possuem nota quatro.

“A fala do ministro, recheada de dados falsos, foi rechaçada veemente pela comunidade universitária, pela própria universidade, pela associação dos docentes e funcionários, mas não foi reconhecido o erro pelo próprio ministro. Os dados concretos são simples e diretos, aproximadamente 90% dos alunos de mestrado e doutorado em Sergipe são da UFS”, disse Hamilcar ao discursar para a plateia.

Segundo explicou o Pró-reitor Lucindo, os cortes na educação prejudicaram 59% da pós-graduação no Estado de Sergipe. “Para onde queremos conduzir o país? Temos que refletir sobre isso e colocar em defesa a universidade pública. Precisamos defender o óbvio, que é a universidade pública, gratuita, inclusiva e de qualidade”, declarou.

Para o fotógrafo Fernando Correia Barbosa, a abordagem da relação entre cinema e educação no seminário demonstra grande potencial. “Acho o evento necessário em um momento que o conhecimento emancipador e crítico é completamente detonado no país. São eventos como esse que fortalecem a comunidade acadêmica e a pesquisa comprometida com a sociedade”, afirma.

Arthur Felipe Fiel, mestrando em cinema na Universidade Federal Fluminense destacou a importância do tema. “Nesse momento cruel para as artes, a cultura e a educação, há um desmonte não apenas no cenário educativo, mas na questão cinematográfica do país, temos de fato que entender mais e explorar essa questão política-pedagógica da sétima arte”, fala.

O evento aconteceu de 14 a 16 de maio, encerrando suas atividades com a conferência da Profa. Adriana Fresquet (Cinead/UFRJ), cuja palestra “Produção e Leitura de planos comentados como exercício de pensamento”reforçou a importância do cinema como ferramenta pedagógica na formação de professores e alunos. Segundo Fresquet, “a maior potência pedagógica do cinema é desnaturalizar a naturalidade da imagem”. A sua metodologia de trabalho envolve um exercício de olhar profundo com os professores da educação básica, com atuação em diversos países da américa latina.

Multifaces do Seminário

O II SIC abriu espaço para diversas atividades acadêmicas, dentre elas os noves minicursos oferecidos: “Antropofagia no Cinema – Nãonarração em Hélio Oiticica” (Paloma Silva – Ppgcine/UFS); “Como filmar as comunidades?” (César Guimarães/UFMG e Pedro Santos/UFMG); “O documentário no cinema novo – 1960-1970” (Romero Venâncio – Ppgcine/UFS); “Cinema, educação e direitos humanos – destaques sobre algumas iniciativas no Brasil” (Raul Marx e Diogo Teles – Ppgcine/UFS); “Tramas da música na dramaturgia audiovisual” (Guilherme Maia – LAF POSCOM/UFBA); “Do livro às telas de cinema: os processos de adaptação fílmica em a Hora da Estrela” (Débora Wagner; Ray Santos; Romério Novais – mestrandos do Ppgcine/UFS); “Desafios do documentário contemporâneo: uma leitura da análise fílmica de Manuela Penafria e as taxonomias criadas por Fernão Ramos e Bill Nichols” (André Oliveira, Gladson Júnior e Vinicius Leite – mestrandos do Ppgcine/UFS); “As personagens nordestinas no cinema brasileiro” (Keline Pereira e Maysa Santos – mestrandas do Ppgcine/UFS); e “Introdução ao software de análise qualitativa WebQDA” (Luiz Rafael Andrade – Grupo de Pesquisa Geces/Unit).

Os Grupos de Trabalho (GTs) trouxeram pesquisas e experiências interdisciplinares que articulam Cinema e Gênero, Educação, Tecnologias, História e Cultura. O evento contou com três mesas-redondas: “Ficção seriada”, com Arthur Fiel (UFF), Ludmila Carvalho (UFRB) e Tatiana Aneas (Ppgcine/UFS); “Cinema no feminino”, debatido por Claudiene Santos (Ppgcine/UFS), Luciana Oliveira (realizadora e mestre Ppgcine/UFS) e Patrícia de Luna (realizadora espanhola); e “Cinema, corpo e modernidade”, com Elder Silva Correia (Ppged/UFS), Fábio Zoboli (Ppgcine e Ppged/UFS), Luiz Gustavo Correia (Ppgcine/UFS e Ppga/UFS).

O SIC teve dois momentos de exibição, através da mostra de curtas “Educadoc – O documentário na Educação”, debatido pela Profa. Dra. Adriane Damascena e Yanara Galvão, mestre em Cinema pelo Ppgcine/UFS; e a exibição do documentário “Copa Copan”, com a presença da realizadora, Patrícia de Luna.

Também foi aberto um espaço para atrações culturais no evento: o monólogo “Os sonhos de Helena”, do estudante de Teatro/Ufs, José Aldo; a apresentação artística do grupo de rap “Bruxas do Cangaço”; coral e grupo de dança do ventre da AACASE; e a Dj Santa Cruz.

O II SIC possui apoio do Núcleo Interdisciplinar de Cinema e Educação (Nice), Laboratório de Pesquisa e Produção em Audiovisual (Lappa), Capes, Fapitec e Cine Vitória. Foram três dias intensos, com troca de conhecimentos e oportunidade de refletir sobre a importância da educação na atual conjuntura.

Fonte e foto assessoria

 

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