Aracaju, 29 de abril de 2024
Search

Em Aracaju, 80% dos focos do Aedes estão em imóveis residenciais

phpThumb_generated_thumbnail

Uma semana é o tempo suficiente para a fêmea do Aedes aegypti depositar ovos em um recipiente com água parada e estes se transformarem em mosquitos adultos. A chuva e o calor elevam ainda mais as chances do surgimento de criadouros, pois essa combinação promove o cenário perfeito para a proliferação do mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus. Em média, 80% dos focos encontrados em Aracaju estão em imóveis residenciais habitados.

De acordo com o segundo Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) do ano, os bairros Lamarão, Suissa, Luzia e Porto Dantas estão classificados como de alto risco de surto ou epidemia. Estes bairros apresentaram índice de infestação de 4,2 e têm como principais criadouros do mosquito lavanderias, tonéis, caixas d’água, ralos e plantas. De janeiro a maio deste ano, foram notificados 1.580 casos de arboviroses, sendo 372 casos confirmados de chikungunya, 189 de dengue e 20 de zika.

O plano de ação desenvolvido pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), para a inibição de criadouros conta com o trabalho diário dos agentes de endemias. Todos os dias, cerca de 186 agentes de endemias percorrem os bairros da capital a fim de averiguar e acabar com os possíveis focos do mosquito Aedes aegypti localizados nas residências e em imóveis em geral. Além disso, desempenham uma ação educativa de conscientização junto aos moradores sobre os cuidados essenciais para evitar a proliferação.

Segundo o gerente do Programa Municipal de Combate ao Aedes, Jeferson Santana, há uma força tarefa para o combate e controle do Aedes aegypti em Aracaju, município que, de janeiro a maio deste ano, notificou 1.580 casos de arboviroses, sendo 372 casos confirmados de chikungunya, 189 de dengue e 20 de zika.

“Nosso objetivo principal é encontrar os possíveis criadouros e se tiver a presença de foco, fazer a eliminação, seja com tratamento químico ou uma eliminação mecânica derramando a água e orientando sobre o armazenamento. Aos sábados, temos um trabalho de mutirão que acontece em parceria com a Empresa Municipal de Serviços Urbanos [Emsurb]. Temos uma série de ações desenvolvidas em cada bairro em que ocorre o mutirão, a exemplo do trabalho das equipes de limpeza em terrenos baldios e imóveis abandonados, e do cata-treco, que recolhe materiais que não têm mais serventia, mas que ocupam espaço nas residências”, detalha o gerente ao destacar que a colaboração da população é fundamental para o sucesso do combate ao mosquito.

Jacqueline Costa é agente de endemias há treze anos e atua no bairro Porto Dantas durante esse período. Ela relembra que no passado os moradores mantinham o hábito de armazenar água em função da escassez recorrente, o que atualmente não acontece com a mesma frequência, mas a cultura do armazenamento continua entre a população.

“Não existe mais tanta falta de água, mas existe a preocupação de um dia faltar. Por essa razão, ainda encontramos casas com lavanderia que não é usada com frequência, mas ficam cheias de água, justamente por conta desse histórico. O bairro já se desenvolveu bastante e a coleta também é frequente, mesmo assim encontramos resíduos descartados em terrenos baldios”, destacou.

Jacqueline Costa conta que as pessoas são acolhedoras, abrem as casas e deixam a equipe entrar para realizar o trabalho. “Os moradores colaboram muito com o nosso trabalho, pois entendem a importância de combater o Aedes aegypti e seguem as orientações. Aqueles que não fazem, pedimos que abracem a causa e sigam a orientação do agente para que nenhum morador, familiar ou vizinho adoeça”, disse.

Dona de um quintal repleto de plantas, a moradora Iracema Maria de Oliveira, de 63 anos, compreende que tem uma missão a cumprir: cuidar das plantas sem deixar lugar para o mosquito Aedes aegypti. “Uma coisa que eu gosto é a limpeza e como eu gosto também de plantas fica mais bonito ainda. Por isso, para não ter foco da dengue aqui em casa, se tiver um vaso com água eu coloco emborcado, pratinho de planta com terra e às vezes quando jogo casca de ovo e de maracujá nas plantas tomo o cuidado para que fiquem emborcados sem acumular água”, contou.

No conjunto Eduardo Dutra, localizado em uma Área de Proteção Permanente (APP) margeado pelo mangue, é possível encontrar resíduos sólidos descartados de forma irregular, local propício para a formação de novos criadouros do Aedes. Trata-se de lixo doméstico cuja coleta acontece três vezes por semana, é o que afirma a moradora da localidade, Rute Oliveira, de 57 anos.

“Eu já tive dengue e chikungunya, e é horrível, mas em minha casa não costumo ter vasilhame de plantas e nem outras coisas que acumulam água. Isso que vimos acontecer é terrível, de uma falta de higiene grande porque atrai doenças. A coleta acontece aqui no conjunto Eduardo Dutra nos dias de segunda, quarta e sexta, são três dias na semana e mesmo assim as pessoas colocam o lixo no local errado”.

O trabalho de conscientização também é realizado de forma didática nas residências. Após a visita domiciliar, a agente de endemias Eláinne Alves Inojosa Ferreira apresenta aos moradores fotos do Aedes aegypti para que conheçam suas características físicas e demais orientações sobre os principais sintomas da dengue. Para a moradora Sandra Regina Soares Lima, de 47 anos, o trabalho coletivo é fundamental no combate a essa e outras doenças.

“Nós fazemos a nossa parte, mas se o outro não fizer, é complicado. Os serviços da Prefeitura estão sempre por aqui no Porto Dantas, no bairro Industrial, e em outros bairros, realizando a limpeza. Os agentes de endemias também fazem um trabalho de coletividade bonita, estão aqui de sol a sol”, reconhece a aracajuana.

Fumacê costal

O fumacê costal é uma ação complementar que promove uma política preventiva de combate à proliferação do mosquito. De acordo com o gerente Jeferson Santana, o trabalho da população deve ser diário ao verificar, sempre, locais que possam tornar-se possíveis criadouros.

“O fumacê costal age sobre o mosquito adulto que estiver voando no momento da aplicação. Se ele estiver em repouso debaixo de uma mesa, por exemplo, não será atingido pelo inseticida, portanto não irá morrer. Por isso, de segunda a sexta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde mantém uma rotina de visita aos imóveis”, explica.

Na próxima semana, o fumacê costal será aplicado nos bairros 18 do Forte, no dia 16; Santo Antônio, dia 17; José Conrado de Araújo, dia 18; e Luzia, no dia 19. O mutirão ocorrerá no dia 20, no bairro Porto Dantas.

Foto: Marcelle Cristinne

Leia também