Aracaju, 28 de abril de 2024
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Residencial Mangabeiras: Trabalho Social abre oportunidades

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As famílias que serão beneficiadas com as 1.320 unidades habitacionais do Residencial Mangabeiras Irmã Dulce dos Pobres, em construção no bairro 17 de Março, estão vendo suas vidas se transformarem, ainda antes de receberem as suas casas. É que elas estão tendo a oportunidade de participar de cursos, oficinas e qualificações para o mercado de trabalho, entre outras atividades, o que já tem gerado bons frutos, como a melhoria na renda familiar e na qualidade de vida.

Para isso, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Assistência Social, realiza o Projeto de Trabalho Social (PTS) com essas famílias, cumprindo uma exigência do Governo Federal em projetos de habitação de interesse social, tendo em vista que a obra é executada com recursos conveniados pelo Município com o Ministério das Cidades, por meio programa Pró-Moradia.

O PTS é executado pela Oliveira Consultoria, sob o acompanhamento da Diretoria de Gestão Social da Habitação da Secretaria Municipal da Assistência Social. Com duração de 24 meses, as ações já estão sendo realizadas há um ano, período em que as famílias têm participado de atividades socioeducativas nos eixos Mobilização, Organização e Fortalecimento Social, Educação Ambiental e Patrimonial e Desenvolvimento Socioeconômico, a exemplo de oficinas, cursos de capacitação profissional, workshops, palestras e eventos culturais e esportivos.

A assistente social Patrícia Oliveira, responsável técnica do PTS, destaca que entre as pessoas que têm participado das atividades, muitas já começaram a empreender em diversas áreas, como beleza e culinária. Por meio do Projeto de Trabalho Social, muitos moradores da antiga ocupação das Mangabeiras estão se qualificando em diversas formações, como os cursos de manicure e pedicure, unhas decoradas, porteiro, empreendedorismo, pallet, entre outros na área de gastronomia. Todo esse trabalho social visa o empoderamento das famílias e o seu desenvolvimento socioeconômico.

“Neste período de um ano já fizemos 48 atividades, distribuídas em cursos, oficinas e palestras. Temos ainda mais 44 para realizar, ou seja, são quase 100 atividades. Além disso, já fizemos ao todo 5.786 atendimentos durante a execução do projeto, entre cursos, oficinas, palestras, e também o atendimento no Plantão Social, que é o momento de escuta qualificada das famílias. Então esse é realmente um projeto que veio para desenvolver a comunidade”, explica Patrícia Oliveira.

Uma das ideias a serem executadas no âmbito desse trabalho, em breve, é a realização de feiras para comercializar produtos elaborados e confeccionados pelos moradores participantes do curso de pallet, artigo de madeira que serve de base para a montagem de móveis. “O trabalho social é uma ferramenta de transformação de vidas, incentiva o protagonismo e fomenta o incremento da renda das famílias, e consequentemente a qualidade de vida”, destaca.

Eixos

Durante todo o tempo em que as obras das unidades habitacionais estão sendo construídas, a comunidade participa de ações socioeducativas nos três eixos do PTS. O primeiro, de Mobilização, Organização e Fortalecimento Social, promove reuniões comunitárias, ações de controle e exercício da cidadania, abrange a Comissão de Acompanhamento da Obra (CAO), a capacitação para as lideranças locais, palestras, entre outras atividades.

O segundo eixo, o de Educação Ambiental e Patrimonial, realiza ações voltadas à preservação e conservação do meio ambiente, questões de saúde voltadas à prevenção, além da preservação do patrimônio público, tanto das unidades habitacionais, como dos serviços e bens. O terceiro eixo é o de  Desenvolvimento Socioeconômico e está voltado às ações de geração de emprego e renda, que são os cursos, as oficinas e palestras.

Vidas transformadas

Muitas famílias que participam de cursos e oficinas ministradas por meio do Projeto de Trabalho Social estão tendo uma grande mudança nas suas vidas. A transformação vai muito além da melhoria na renda familiar, passando pela elevação da autoestima dos cidadãos. É o caso de Genilton Matos dos Santos. Ele se viu inspirado em sua esposa, Tiara Bispo dos Santos, que participou de diversas qualificações, como os cursos de doces para festas, manicure, informática básica e avançada, marketing e publicidade.

“Isso despertou em mim a curiosidade e a vontade de trabalhar também, aí comecei a fazer outros cursos. Hoje a gente faz doces, salgados, bolos, tortas e vende para a própria comunidade. Isso melhorou muito a nossa renda familiar. Estávamos em uma fase difícil, com desemprego, eu tive até uma depressão, mas os cursos nos ajudaram a superar. O trabalho social melhorou nossa situação financeira e a nossa autoestima. Quando a gente vê o nosso trabalho sendo valorizado, a gente dorme bem mais tranquilo e acorda com energia para fazer tudo novamente”, explica Genilson.

Líder comunitário do bairro 17 de Março, Jackson Batista dos Santos também reconhece os benefícios do PTS para os moradores. “A gente só tem a agradecer por esse trabalho social que é feito pelos antigos moradores da ocupação das Mangabeiras. Tenho orgulho de fazer parte de um grande projeto como esse. Já fiz alguns cursos e foi importante porque a gente vem aprendendo cada vez mais para ir ao mercado de trabalho. Antigamente, as famílias ficavam só nos barracos e hoje têm uma casa digna. E graças ao trabalho social, os moradores têm outro patamar de vida. Nós só temos a agradecer a todos que fazem esse grande trabalho”, afirma.

A manicure Cleane Batista Santos foi convidada para ministrar o curso de manicure e pedicure. Para ela, essa experiência foi um divisor de águas em sua vida. “Ministrar esses cursos para a comunidade do Residencial Mangabeiras abriu muitas portas para eu entrar em lugares que nunca imaginei. Capacitar mulheres é muito gratificante, porque estou levando para elas um pouco do que eu aprendi. É muito bom vê-las trabalhar na área, e a gente acaba formando uma grande amizade. É muito importante ter um olhar social sobre essas famílias que tanto necessitam. É gratificante ter alguém ali com cuidado, com carinho, com acolhimento”, avalia.

Coordenadora do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Maria Diná de Menezes, no bairro 17 de Março, Josefa Laurentino é testemunha da transformação social que as famílias da antiga ocupação Mangabeiras tem passado, devido do Projeto de Trabalho Social, realizado pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Assistência Social.

“O trabalho social tem o viés de melhorar a vida do cidadão, que poderá replicar e multiplicar os seus conhecimentos. Ele pode sair da inércia para uma vida mais ativa, mais proativa e dinâmica. Para a gente é muito satisfatório pegar uma pessoa que estava na inércia e ver que ela está saindo para o estado de protagonismo”, diz.

Unidades habitacionais

No Residencial Mangabeiras Irmã Dulce dos Pobres, localizado no bairro 17 de Março, a Prefeitura de Aracaju está construindo 1.320 casas para garantir moradia digna às famílias que residiam em condições insalubres na antiga Ocupação Mangabeiras. Ao todo, a gestão municipal está investindo R$ 124 milhões para a execução do projeto, que é realizado por meio do Programa Pró-Moradia, do Governo Federal.

Desse total, R$ 116,7 milhões são oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), com a contrapartida do município de R$ 7,9 milhões, destinada para o aluguel social para garantir dignidade e qualidade de vida às pessoas.

Para que a obra seja executada com máxima celeridade, o projeto foi dividido em quatro etapas. Na primeira etapa estão sendo erguidas 920 casas em dois contratos. Do total de unidades habitacionais que estão sendo erguidas no local, 1.232 são do tipo padrão, outras 68 são acessíveis e 20 são do modelo acessíveis isoladas.

O projeto conta ainda, de maneira inovadora, com a Reserva Extrativista das Mangabeiras, que ocupa uma área de 94 mil m², na qual as famílias extrativistas poderão manter no local o manejo da espécie, uma iniciativa da Prefeitura de Aracaju para assegurar a sustentabilidade na região.

Foto Sérgio Silva

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