Aracaju, 6 de maio de 2024
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Fumantes com Covid-19 têm maior risco de morte ou sequelas

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Uma das coisas que já se sabem sobre o novo coronavírus, cujos primeiros casos surgiram na China em dezembro de 2019, é de que ele ataca principalmente o sistema respiratório da pessoa contaminada, podendo causar outros desdobramentos em comorbidades já existentes. Isso acende o alerta principalmente sobre os fumantes, que já apresentam dificuldades em seu quadro de saúde e estão sujeitos a outras doenças graves, como o câncer. Ainda em maio do ano passado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu alerta relacionando diretamente o tabaco e seus derivados como “um grande fator de risco”.

As chances de desenvolver doença grave e morte por Covid-19 aumentam em até 50% O médico Saulo Maia d’Ávila Melo, pneumologista e professor do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), afirma que os fumantes correm mais riscos com o covid porque têm um comprometimento maior do aparelho respiratório aparelho cardiovascular, além de ter o seu organismo já fragilizado. Uma das áreas mais afetadas pelo tabaco no corpo humano é justamente o sistema imunológico, que é responsável pelas “defesas” do organismo.

“A primeira coisa que o cigarro faz é baixar a imunidade, não só para o coronavírus, mas para qualquer outro tipo de infecção. Seja ela por outros tipos de vírus, por bactérias, por protozoários, o organismo da pessoa é fragilizado”, explica Saulo, definindo que, quando uma pessoa é infectada, existe uma “batalha” dos anticorpos contra os agentes infecciosos. “Essa batalha vai ser vencida conforme a virulência desse vírus e a carga, a quantidade de vírus que é inalada no organismo. Do outro lado nós vamos ter a imunidade, que o cigarro compromete, além das comorbidades que a gente tenha. Então, se o fumante, que já vai ter sua imunidade deficiente, tiver comorbidades como diabetes, pressão alta, cânceres, uso de remédios que baixa mais ainda a imunidade, essa infecção será mais danosa para o organismo”, alertou.

A falta dos anticorpos dá mais espaço para uma atuação mais agressiva do coronavírus, que já ataca com força em vítimas não-fumantes. De acordo com Saulo, ele também é capaz de piorar as doenças respiratórias e cardiovasculares causadas pelo tabaco, como rinossinusites, bronquite crônica, enfisema pulmonar, hipertensão, câncer, angina e infarto. “O tratamento do fumante com covid é mais complicado, porque esses pacientes têm uma propensão maior de terem esses problemas. São todos esses fatores que predispõem a complicações maiores. Por isso que tem a vacinação precoce das [pessoas com] comorbidades, porque são pessoas que têm comprometida a reserva funcional dos vários órgãos”, esclarece Saulo.

O comprometimento dos fumantes pode ser mensurado através do cálculo da carga tabágica, resultado da multiplicação do tempo de uso do paciente pela quantidade de cigarros que ela fuma diariamente. “Quanto maior, pior. Uma carga tabágica acima de vinte, a gente chama de carga tabágica pesada. Então, esses pacientes têm uma propensão a ter mais doenças que nós chamamos tabaco-dependentes”, disse o pneumologista, reiterando que o vício de fumar não se relaciona apenas com o cigarro, mas também com os charutos, cachimbos, narguilés e cigarros eletrônicos.

O alerta dos especialistas é reforçado por ocasião do Dia Internacional de Combate ao Fumo, comemorado no dia 31 de maio. E eles também reiteram que o vício de cigarro pode ser tratado com medicamentos à base de reposição de nicotina (substância que causa a dependência do vírus) e, principalmente, com apoio psicológico. “A gente sabe que é um vício altamente danoso ao organismo. A maioria dos pacientes que fuma tem consciência do malefício do cigarro, só que ele é um viciado, está em dependência química. Esses pacientes têm que ter um apoio muito grande das pessoas em volta dele, sejam familiares, amigos, colegas nos locais de trabalho e nós da classe médica, incentivando esses pacientes a pararem de fumar”, conclui o pneumologista.

Assessoria de Imprensa

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