Aracaju, 20 de setembro de 2025
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Cannabis medicinal contribui para combater ansiedade e depressão, segundo pesquisas

Médica Mirene Morais Foto Arquivo Pessoal

Médica Mirene Morais explica que planta possui propriedades que podem ser benéficas para tratamento dos transtornos

No Brasil, há mais de 11 milhões de casos de quadros depressivos registrados, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A ansiedade atinge ainda mais pessoas, de acordo com a OMS: em 2019, eram 18,6 milhões de brasileiros convivendo com o transtorno, fazendo o País ser o líder de casos identificados no mundo. Os números preocupam especialistas e profissionais da saúde, incluindo a médica Mirene Morais, certificada internacionalmente em medicina canábica. Segundo ela, pesquisas têm demonstrado que essas milhões de pessoas podem ter mais um aliado no combate aos transtornos: a Cannabis medicinal.

Conforme uma revisão bibliográfica de 2020 publicada em uma revista científica do Multidisciplinary Digital Publishing Institute, atestou o potencial ansiolítico do canabidiol, uma das principais propriedades presentes na Cannabis, cujo plantio é proibido no Brasil e é de difícil acesso na forma de medicamentos. “Esse estudo é interessante porque além de mostrar, a partir dos trabalhos analisados, o potencial ansiolítico da substância, sugere também que ela possui compostos antidepressivos e antipsicóticos”, explicou Mirene, que também é pós-graduada em dor pelo Hospital Sírio-Libanês. Ela destacou que outras pesquisas encontraram resultados similares.

Uma delas foi publicada na Revista Brasileira de Psiquiatria, que fez uma comparação dos efeitos de diferentes doses de CBD e placebo, uma substância inerte – sem efeito –, com 57 voluntários. “Comparativamente ao grupo que ingeriu o placebo, o estudo afirma ter observado que, entre as pessoas que tomaram 300 mg de CBD, a propriedade foi capaz de reduzir de forma significativa a ansiedade dos voluntários durante a fala. Essa é só uma entre várias evidências científicas animadoras”, disse a médica, acrescentando que a ciência tem atestado a segurança e eficácia da utilização medicinal da planta para tratar sintomas de um vasto leque de doenças crônicas e neurológicas, como câncer, Alzheimer, Parkinson, e mais.

Já nos quadros depressivos, a Cannabis medicinal tem apresentado resultados positivos. Mirene Morais lembrou de uma pesquisa de 2016 publicada na revista Pharmacological Research, que demonstra a capacidade do CBD em reduzir comportamentos depressivos, além daqueles relacionados à ansiedade. “A ciência tem produzido muito sobre a Cannabis medicinal, e demonstrado o poder de suas propriedades no tratamento de doenças com altas incidências no Brasil e no mundo. Ansiedade e depressão só são duas de várias que os medicamentos à base da planta podem atenuar os sintomas”, enfatizou.

No entanto, Mirene destacou que são necessárias mais pesquisas científicas sobre o tema, a fim de garantir segurança e subsídios para a aplicação clínica da Cannabis medicinal nesses casos. “Além disso, eu ressalto sempre: o uso médico da planta não tem por objetivo substituir os tratamentos convencionais. Na maioria dos casos, trata-se, na verdade, de uma ferramenta a mais para reduzir o sofrimento dos pacientes”.

Foto Arquivo pessoal

Por Kátia Santana

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