Aracaju, 24 de junho de 2025
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Após ser privatizado, o Polo Carmópolis dobra produção de petróleo

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Em Sergipe, um gigante adormecido despertou. O Polo Carmópolis, o mais histórico campo de petróleo em terra do Brasil, passou por uma transformação radical. Após ser vendido pela Petrobras em uma transação bilionária, o ativo, que estava em declínio, não apenas renasceu, mas dobrou sua produção em apenas um ano sob o comando de uma nova operadora independente, a Carmo Energy.

Os resultados do primeiro ano da Carmo Energy foram imediatos e expressivos. A produção, que havia caído para cerca de 3.900 barris por dia durante a transição, mais do que dobrou. Em dezembro de 2023, o polo já produzia cerca de 8.600 barris diários, com o número de poços ativos saltando de 477 para 800 no campo de petróleo.

Esse aumento se refletiu na logística. Em janeiro de 2024, o Terminal Aquaviário de Aracaju (TECARMO), que faz parte do polo, registrou o maior embarque de óleo de sua história, com mais de 590.000 barris carregados em um único navio, um feito que comprovou a eficiência da nova gestão.

Quase 4 mil empregos

A revitalização do Polo Carmópolis gerou um forte impacto positivo na economia de Sergipe. A retomada dos investimentos levou à criação de 489 empregos diretos e 3.260 indiretos no primeiro ano, com a empresa priorizando a mão de obra local — mais de 70% dos trabalhadores são sergipanos.

O aumento da produção também se traduziu em mais receita para os cofres públicos. Em 2023, a operação gerou entre R$ 57 milhões e R$ 73,5 milhões em royalties, recursos vitais para os municípios produtores. Segundo um estudo da FGV, cada R$ 1 bilhão investido no setor em Sergipe tem o potencial de gerar 6.600 empregos em toda a economia local

A história dessa transição é um retrato da nova realidade do setor de energia no Brasil. Ela mostra o imenso potencial de campos maduros quando recebem novos investimentos, mas também acende um alerta sobre os desafios de governança e os riscos ambientais que acompanham a busca por crescimento.

Polo descoberto em 1963

A história do petróleo em Sergipe começa com Carmópolis. Descoberto em 1963, o campo de petróleo rapidamente se tornou um dos maiores do Brasil em terra, uma distinção que mantém até hoje. Com um volume original estimado em 1,76 bilhão de barris, ele foi muito mais do que um centro de produção.

Carmópolis funcionou como um verdadeiro “laboratório” para a Petrobras. Foi lá que a estatal desenvolveu e testou tecnologias pioneiras de produção, como a perfuração de poços horizontais e sistemas de controle remoto, que mais tarde seriam cruciais para o sucesso nas operações em alto-mar. A venda de um ativo com tanto peso histórico e simbólico marcou o fim de uma era para a Petrobras.

Alinhada à sua nova estratégia de focar nos ativos de altíssimo retorno do pré-sal, a Petrobras concluiu a venda do Polo Carmópolis para a Carmo Energy em dezembro de 2022. O valor total da transação foi de US$ 1,1 bilhão. A Carmo Energy, uma subsidiária do grupo espanhol Cobra, entrou no mercado brasileiro com um plano agressivo de revitalização.

A viabilidade do projeto de longo prazo foi garantida pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que estendeu o contrato de concessão por mais 27 anos, até 2052. Em troca, a nova operadora se comprometeu a realizar um pesado investimento no campo de petróleo de US$ 800 milhões ao longo de 10 anos para modernizar e expandir a produção.

Óleo derramado

Em forte contraste com o sucesso produtivo, o primeiro ano da nova operação foi marcado por problemas ambientais. O relatório de segurança da ANP de 2023 registrou 38 incidentes de derramamento de óleo nas instalações da empresa.

Mais grave ainda foi a acusação, em outubro de 2023, de descarte irregular de material contaminado com óleo e radioatividade no município de Carmópolis. A presença do material perigoso foi confirmada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e o caso passou a ser investigado como um crime ambiental, levantando sérias dúvidas sobre a capacidade da nova empresa de gerir os complexos passivos de um campo operado há 60 anos.

Fonte: Site Click Petroleo e Gás

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