Reportagem da TV Globo exibida na terça-feira, 29, citou o nome de Bolsonaro na investigação do caso Marielle Franco. De acordo com a matéria, a Polícia Civil do Rio de Janeiro teve acesso ao caderno de visitas do condomínio Vivendas da Barra, na Zona Oeste do Rio, onde têm casa o presidente e o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado da morte da vereadora do PSOL. Conforme as informações divulgadas pelo JN, no dia 14 de março de 2018, horas antes do crime, o ex-PM Élcio de Queiroz, outro suspeito, teria anunciado ao porteiro do condomínio que iria visitar Jair Bolsonaro e acabou indo até a casa de Lessa.
Bolsonaro estava em Brasília no dia 14 de março de 2018 e registrou presença em duas sessões na Câmara, onde exercia o mandato de deputado federal, versão também mostrada pela reportagem.
O MP do Rio informou que Élcio interfonou para Ronnie Lessa às 17h07 do dia 14 de março de 2018, o dia da morte de Marielle e Anderson. Até o dia 4 de outubro de 2019, os acusados negaram que estivessem juntos naquele dia. Seis meses depois da prisão de ambos, o MP conseguiu acesso aos celulares apreendidos de Ronnie Lessa. Em um deles, encontraram uma imagem enviada por Elaine Lessa, esposa do acusado, com uma planilha de controle de entrada e saída do condomínio. Nela há o nome de Élcio e é a primeira prova encontrada pelo Ministério Público acerca do encontro dos dois no dia do crime.
O MP também confirmou através de perícia que a autorização dada para a entrada de Élcio no condomínio foi de Ronnie Lessa. No dia 5 deste mês, uma operação de busca e apreensão das planilhas foi autorizada e recolheu os papéis da cabine do porteiro. Ali, foi encontrada uma anotação que faz referência a casa de Jair Bolsonaro — razão pela qual o MP enviou o material ao Supremo Tribunal Federal, incluindo aí o depoimento do porteiro que também mencionava o presidente. “Se o porteiro se equivocou ou se esqueceu, a informação não é compatível”, resumiu a promotora.