Meta é fortalecer atuação de micro e pequenas empresas no setor.
Os desafios para a cadeia de petróleo e gás nos próximos anos e o aumento da participação de pequenos negócios nesse mercado foram tema da IV Reunião de dirigentes e gestores de Petróleo e Gás do Sistema Sebrae. O encontro, realizado no Hotel Hilton Barra, no Rio de Janeiro, reuniu também representantes de entidades governamentais, órgãos reguladores e de empresas privadas.
Os debates foram abertos pelo secretário executivo do Instituto Brasileiro de Petróleo, Milton XXX, que traçou um cenário para a atividade nos próximos anos. Segundo ele, se as fontes de carvão, petróleo e gás respondem atualmente por 80% da oferta energética do mundo, nas próximas décadas a previsão é que esses percentuais sejam reduzidos, o que indica uma necessidade de acelerar a produção sob o risco de perder as oportunidades.
“ Os estudos mostram que teremos um pico de demanda em 2040, mas ao longo dos anos a dependência dessas fontes vai diminuindo, chegando a apenas 22% da oferta por volta de 2070. Isso ocorrerá por conta do avanço das novas tecnologias e pelos impactos do Acordo de Paris, mostrando assim que a janela se oportunidades está se fechando e a cadeia perderá atratividade”.
Esse cenário torna-se ainda mais preocupante porque o ciclo do petróleo é longo (entre a assinatura dos contratos de aquisição de áreas e a extração dos primeiros barris leva-se oito anos), existe uma dificuldade para viabilizar o licenciamento de novas perfurações, além de um cenário de incertezas no mercado diante do cenário político.
Potencial inexplorado
Um estudo desenvolvido pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) revela que somente na área do pré-sal existem cerca de 176 bilhões de barris a serem extraídos. Apesar disso, menos de 5% das áreas de bacias sedimentares no país estão contratadas, o que impede que a atividade petrolífera ganhe um novo impulso.
“ Caso conseguíssemos avançar nesses debates e acelerar a extração seria possível viabilizar, até 2054, cerca de R$ 6 trilhões em investimentos por parte das empresas. Temos que correr contra o tempo, sob o risco de perdermos competitividade e ficarmos para trás nesse mercado”, analisa o assessor da Agência Nacional de Petróleo, Alfredo Renaut.
Um outro tema que ganhou destaque durante a reunião foi a possibilidade de inserir as micro e pequenas empresas na cadeia por meio da sua participação em Projetos de Pesquisa Desenvolvimento e Inovação. A Lei 9.478, de 06/08/1997, estabelece, por parte das companhias, a exigência de aplicação de percentual da receita bruta, segundo condições de cada contrato, nesse tipo de projetos.
“ Esses recursos poderiam ser direcionados para micro e pequenas empresas que já atuam nesse setor para que elas consigam desenvolver soluções para essas grandes companhias. Teríamos um círculo virtuoso e que estimularia a inovação e o fortalecimento de toda a cadeia”, destaca o coordenador do Projeto de Petróleo e Gás do Sebrae no Rio de Janeiro, Antônio Batista Neto.
Projeto Estruturante
A preocupação em debater os rumos do setor faz parte de uma decisão estratégica de reposicionamento do Sistema Sebrae dentro da cadeia petrolífera. A ideia é desenvolver um conjunto de ações para potencializar oportunidades para micro e pequenas empresas prestadoras de serviços, acompanhando a dinâmica do segmento, que vive um momento de alta no barril de petróleo e mudanças nos processos de operacionalização e regulamentação da atividade.
Para isso, unidades do Sebrae de oito estados estão desenvolvendo um projeto estruturante para fortalecer a atuação dos pequenos negócios nesse mercado. Durante a reunião, foi anunciada a participação do Sebrae São Paulo nas ações do projeto.
A proposta aborda ações em áreas como governança e articulação institucional, políticas públicas, inteligência setorial e de mercado, soluções educacionais digitais, tecnologias de processo, inovação, capacitação de gestores e sustentabilidade.
No encontro os gestores buscaram alinhar as estratégias do projeto com algumas soluções já desenvolvidas pelo Sistema. Na área da governança, por exemplo, a ideia é que possam ser utilizadas a metodologia de mapeamento de parceiros criada pelo Sebrae Nacional ( que permite a identificação de instituições que já atuam ou possam atuar em sincronia com a proposta) e o Wiki Sebrae, uma ferramenta colaborativa para a divulgação de informações sobre a cadeia.
Em relação à agenda institucional, a proposta é a implementação de uma agenda de atuação baseada em seis macrotemas: desburocratização, tratamento diferenciado para as micro e pequenas empresas, acesso a crédito, internacionalização, educação empreendedora e inovação”.
Após a reunião, os dirigentes e gestores fizeram uma visita à Rio Oil Gás 2018, que está sendo realizada no Riocentro. Eles acompanharam a realização da Rodada de Negócios, conheceram os estantes do Sebrae e conversaram com alguns empresários apoiados pela instituição que participam da feira.
Foto assessoria
Bruno Leonel