Aracaju, 27 de abril de 2024
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Resíduos do coco verde podem ser fonte de enzimas industriais

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Pesquisa de iniciação científica da Unit aponta que a fibra do coco pode produzir materiais usados na fabricação de tecidos e ração animal, a partir da decomposição por fungos

O aproveitamento de resíduos do coco verde na extração de enzimas utilizados na indústria está sendo estudado em um projeto de iniciação científica. A pesquisa da área de biotecnologia vem sendo desenvolvida há dois anos na Universidade Tiradentes (Unit) e baseia-se principalmente na decomposição das fibras que compõem a casca do coco, através do uso de fungos e microrganismos isolados de manguezal.

O estudo foi realizado pela estudante Daniele Rodrigues do Nascimento Santos, do curso de Biomedicina da Unit, com orientação da professora-doutora Maria Lucila Hernández Macedo, que leciona nos cursos da área de Saúde e no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI). De acordo com Daniele, o estudo concluiu que a chamada degradação microbiana, ou seja, a exposição das fibras à ação dos fungos, resultou na produção de duas enzimas utilizadas como insumo pela indústria: a endoglucanase, na fabricação de ração animal; e a celulase, na produção de tecidos.

“Vale a pena destacar que existe a produção dessas enzimas nos dias atuais, mas a produção delas não é por um método acessível. O meu trabalho tem por objetivo alcançar essas enzimas por um método acessível, que é pelos microorganismos. No nosso caso, os fungos são os principais produtores dessas enzimas e a gente utiliza a fibra de coco verde como substrato, para produzir algo que seja de interesse para a indústria, que são essas enzimas”, explica Daniele, acrescentando que a endoglucanase é usada para auxiliar a digestão de animais ruminantes, enquanto a celulase confere mais maciez ao acabamento dos tecidos.

Ainda segundo ela, os resultados da pesquisa indicam um caminho viável para a utilização dos resíduos do coco verde, sobretudo as cascas descartadas após o consumo da água e da carne do coco. Estas respondem por aproximadamente 70% de todo o lixo gerado nas praias brasileiras, de acordo com estimativas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O órgão aponta ainda que o Brasil tem uma área plantada de 100 mil hectares do coqueiro-anão, que produz o fruto.

“Esse projeto ajuda muito o meio ambiente, evitando mais impactos. Uma vez que o Brasil é um dos maiores produtores de resíduos agroindustriais, principalmente o coco verde, e a gente acaba criando um valor agregado a esse resíduo, colocando ele como um substrato para microrganismos e para que eles possam sintetizar algo que seja de importância para a indústria. Esse também é o papel da biotecnologia: agregar mais valores para a indústria, evitando ao máximo o impacto ambiental”, pontua a aluna.

Os estudos sobre as propriedades da fibra do coco continuam sendo realizados no projeto de iniciação científica da Unit. Existe a possibilidade de obtenção de outras substâncias e insumos com a decomposição da fibra do coco, o que ainda exige pesquisas mais aprofundadas. Daniele Rodrigues, que está para entrar no terceiro ano do projeto, pretende dar continuidade a outros estudos na área de biotecnologia, fazendo o mestrado e o doutorado na área. “É uma área que eu admiro, é uma área em que eu vejo muito crescimento. A gente precisa aprimorar ainda algumas coisas, mas com certeza eu estou onde eu sempre quis estar, e sei que quero alcançar muitas outras coisas na área da pesquisa”, concluiu.

Asscom | Unit

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