Aracaju, 23 de abril de 2024
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A eleição da Covid-19

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Por Adiberto de Souza

A menos de uma semana das eleições, ninguém de bom senso é capaz de afirmar se as eleições em Aracaju serão definidas no próximo domingo ou se vão para o 2º turno. Essa incerteza é motivada pela Covid-19. Por causa da pandemia, a campanha eleitoral deste ano foi diferente em tudo das anteriores. Não tivemos debate dos prefeituráveis na televisão, as tradicionais e concorridas caminhadas pelo centro da capital, os tapinhas nas costas, nem as conversas ao pé de ouvido. Também não sabemos se os eleitores vão votar em massa ou se teremos uma enorme abstenção, já que muita gente ainda permanece em isolamento e outros tantos estão desestimulados a irem votar. E quem ganha com uma enorme ausência nas urnas? Quem perde com o visível desinteresse dos aracajuanos pela campanha? As pesquisas, useiras e vezeiras em errar, ora dizem que o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) se reelege já no próximo domingo, ora juram que teremos 2º turno. Portanto, qualquer prognóstico feito agora está susceptível a erro. A única certeza que temos é que a mortal Covid-19 sepultou as tradicionais campanhas eleitorais, com resultados previsíveis bem antes de o eleitor ir votar. Como cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal, o melhor é ninguém cantar vitória antes de domingo à noite. Misericórdia!

Prisões proibidas

A partir de amanhã, nenhum eleitor poderá ser preso. Mas abra o olho, pois a norma eleitoral não se aplica ao flagrante delito, à sentença criminal condenatória por crime inafiançável e por desrespeito a salvo-conduto. A regra, que também beneficia os candidatos, estará em vigor até 48 horas depois do término do primeiro turno. Os fiscais de partido e membros de mesas receptoras são outros que não podem ser presos durante o exercício de suas funções, com exceção do flagrante delito. Então, tá!

No estaleiro

E quem baixou às pressas ao departamento médico foi o deputado federal Luiz Mitidieri (PSD). Acometido por uma crise renal aguda, sábado passado, o líder peessedista deu entrada na urgência do Hospital São Lucas, onde permaneceu internado até ontem. “Foram dores terríveis, vomitei algumas vezes e tive que tomar morfina”, conta Mitidieri. Mesmo tendo recebido alta hospitalar, o deputado foi aconselhado pelos médicos a permanecer repousando em casa por alguns dias. Saúde!

Puna os sugismundos

O fato de os políticos fichas sujas seguirem disputando eleições por força da morosidade judicial, não significa que o povo deve ficar calado e, pior ainda, ir às urnas votar em sujeitos envolvidos com crimes graves. O cidadão precisa estar consciente sobre os malefícios causados pelos políticos fichas sujas e puni-los nas urnas. Essa é uma tarefa de toda a sociedade e que pode ser executada nas eleições do próximo domingo. Pense nisso!

Bem na fita

Os radialistas Ferreira Filho e Douglas Magalhães – ambos do DEM – são candidatos a vereador com o mesmo número (25800), só que em municípios diferentes. O primeiro concorre em Propriá e o outro em Aracaju. Ferreira, inclusive, não esconde a alegria com a excelente receptividade dos eleitores ao seu nome. E há motivos para esse entusiasmo dos propriaenses, pois o candidato demista já foi secretário de Turismo, Esporte e Lazer de Propriá e, em 2004, assumiu por quatro meses o mandato de vereador daquela cidade. Boa sorte aos amigos Ferreira Filho e a Douglas Magalhães!

Já vai tarde

O programa eleitoral gratuito no rádio e na TV está com os dias contatos. Os candidatos a prefeito e vereador só terão até a próxima quinta-feira para prometer mundos e fundos aos eleitores. Mas atenção: caso o pleito de Aracaju não seja definido no próximo domingo, o blá-blá-blá radiofônico recomeçará no dia 20 deste mês, permanecendo no ar até o dia 27. Vixe!

Cabo eleitoral ruim

Sem reajuste salarial há anos e tratados a pão e água, bem que os servidores estaduais poderiam punir o governo de Sergipe, votando contra os candidatos apoiados pelo Executivo tanto na capital quanto no interior. Isso aconteceu em Aracaju nas eleições de 2012. Lembra? Naquele ano, a grande maioria dos servidores, em particular os professores, votou no candidato João Alves Filho (DEM) porque estava com raiva do então governador Marcelo Déda (PT). Diante da péssima imagem do petista perante o funcionalismo estadual e municipal, o demista ganhou fácil a eleição para Valadares Filho (PSB). Crendeuspai!

Água pelo ladrão

Quase metade da água tratada pela Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) é furtada ou escorre pelo ralo do desperdício. No país, conforme estudo do Instituto Trata Brasil, as perdas na distribuição ficam abaixo de 40%. Para se ter uma ideia, esse percentual significa mais de sete mil piscinas olímpicas de água potável perdidas todos os dias. Pois a situação de Sergipe chega a ser pior. Recentemente levantamento mostra que a Deso perde mais de 48% da água que produz com vazamentos, ligações clandestinas e falhas de leitura de hidrômetro. Misericórdia!

Caso pra estudo

Para a maioria dos eleitores é difícil entender o que leva uma pessoa a gastar dinheiro e até arranjar inimizades para se eleger prefeito e assumir o comando de uma administração quase falida, como é o caso da maioria das prefeituras do interior. No caso de Aracaju, talvez um estudo mostre que parte dos candidatos quer mesmo é usar a prefeitura como degrau para um salto mais alto. A ideia é transformar o eleitor em moeda de troca para as “negociações” políticas a serem feitas quando 2022 chegar. Home vôte!

Eleição em aberto

Somados, os votos nulos, brancos e indecisos ainda são maioria em Aracaju. Pesquisa encomendada pela TV Atalaia ao instituto ECM/Dataform e registrada na Justiça Eleitoral (clique aqui e  veja os índices da pesquisa) mostra que, juntos, “brancos”, “nulos” e “não sabem” somam mais de 38%, percentual superior aos 34,91% atribuídos ao 1º colocado Edvaldo Nogueira (PDT). Admitindo-se que a pesquisa esteja correta, conclui-se que a eleição na capital está em aberto, pois ninguém é capaz de dizer quais prefeituráveis atrairão a maior fatia desse enorme contingente de eleitores indefinidos ou dispostos a votar em branco e anular o voto. Marminino!

Recorte de jornal

Publicado no jornal aracajuano Gazeta do Povo, em 7 de outubro de 1924.

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