Imagino que já conheçam a parábola da GALINHA DEPENADA, mas vale a pena relembrar.
Pois bem…
“Em uma de suas reuniões, Hitler pediu que lhe trouxessem uma galinha.
Agarrou-a forte com uma das mãos, enquanto a depenava com a outra. A galinha, desesperada pela dor, quis fugir, mas não pôde. Assim, Hitler tirou todas as suas penas, dizendo aos seus colaboradores:
“Agora, observem o que vai acontecer”.
Hitler soltou a galinha no chão e se afastou um pouco dela. Pegou um punhado de grãos de trigo, começou a andar pela sala e atirar os grãos de trigo pelo chão, enquanto seus colaboradores viam, assombrados, como a galinha, assustada, dolorida e sangrando, corria atrás de Hitler e tentava agarrar algumas migalhas, dando voltas pela sala.
A galinha o seguia fielmente por todos os lados. Então, Hitler olhou para seus ajudantes, que estavam totalmente surpreendidos e lhes disse:
“Assim, facilmente, se governa os estúpidos. A galinha me seguiu, apesar da dor que lhe causei. Tirei-lhe as penas e a dignidade, mas, ainda assim ela me segue em busca de farelos.”
Sabem por que isso acontece?
SOFRER VICIA!
Segundo a psicanalista Simone Demolinari, um indivíduo submetido a maus-tratos emocionais por muitos anos, perde a autonomia sobre a própria vida e entra num paradoxo pertubardor de desejo e repulsa: racionalmente repudia a situação, mas emocionalmente não consegue se desvencilhar dela. É como um usuário de drogas que sabe que sua vida está descendo ladeira abaixo, mas não consegue largar o vício.
Simone Demolinari explica que sair dessa prisão, vai muito além da vontade. É preciso empenho para a luta entre duas forças poderosas: a razão, que sabe que a mudança é necessária, e a emoção, que reage contra a decisão como um impulso involuntário.
E conclui:
Alguns conseguem romper o cativeiro quando sua vida já está insustentável, mas outros, incluindo os inteligentes, se mantém na mesma condição da galinha: depenada e vivendo da migalha do próprio algoz.
Então a reflexão para o feriadão é:
No meu contexto de vida, eu sou o Hitler, o colaborador, a galinha depenada ou o estúpido?
Flávia Felix
Delegada de Polícia
Diretora da Adepol/Se