Aracaju, 25 de abril de 2024
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Depressão: entenda como a doença pode afetar crianças de adolescentes

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De acordo com a FioCruz, a depressão se torna cada vez mais frequente em crianças e adolescentes. A doença que sempre pareceu um mal exclusivo dos adultos hoje em dia afeta cerca de 2% das crianças e 5% dos adolescentes do mundo. Além disso, pesquisas recentes relacionam a depressão na vida adulta com fatores de risco na gestação e na primeira infância. O tema foi abordado no novo documento científico produzido pelo Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

De acordo com a doutora e professora de Psicologia da Universidade Tiradentes, Tatiana de Carvalho Socorro, a depressão está se tornando cada vez mais recorrente neste grupo etário, principalmente após a pandemia. “Mesmo com o fator biológico, causado por um desequilíbrio na neuroquímica do cérebro, o fator cultural também pode estar relacionado. Vivenciamos um cenário de muitas exigências sociais onde somos cobrados para termos relacionamentos perfeitos, sucesso profissional e beleza dentro do padrão, onde as redes sociais aumentam essa cobrança com os outros e com nós mesmos”.

Dentro do aspecto social, Tatiana reitera que para crianças e adolescentes pode influenciar no surgimento da doença o fato do distanciamento entre pais e filhos e a solidão que isso pode causar, fazendo com que os jovens busquem refúgio em filmes, séries e jogos. Além disso, esse distanciamento pode fazer com que os pais demorem a identificar os primeiros sintomas da doença.

“Os pais estão o dia inteiro trabalhando e não tem como monitorar os filhos. Então é preciso começar a criar uma relação de diálogo com os filhos, de abertura, de intimidade, de falar que não está bem. Essa relação precisa ser construída desde que a criança é muito pequenininha, O diálogo é a principal questão para poder sanar essa essa questão da depressão”.

Em geral, o diagnóstico da doença segue os critérios descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM–V), mas vale destacar que estes foram delineados para a depressão na população adulta e que os sinais e sintomas podem ser diferentes na infância e adolescência. Diagnosticar depressão acaba se tornando mais difícil nas crianças, pois os sintomas podem ser confundidos com malcriação, pirraça ou birra, mau humor, tristeza e agressividade.

Tatiana explica que é necessário que a família e as pessoas mais próximas fiquem atentas aos sinais. ” Se por exemplo a criança ou jovem aumentou muito o apetite ou o reduziu bastante. Se  perceber que o filho dorme muito ou se ele está tendo insônia. Saber se ele se isola dos colegas na escola ou na faculdade, se está faltando muita aula também. Tudo isso podem ser sinais de que algo errado está acontecendo, por isso, recomendo que entre em contato com colegas e professores e investigue a interação dos filhos com o meio em que eles vivem, inclusive com a própria família”.

Tatiana recomenda que seja procurado apoio psicológico caso algum dos sintomas seja identificado e que é necessário sempre buscar um conjunto de coisas e situações que tragam felicidade, bem estar e autocuidado para esse paciente. Já em relação ao preconceito de muitas pessoas com a doença, a psicóloga reitera que ninguém escolhe ter depressão. “Ninguém escolhe ficar desanimado, apático e isolando as pessoas. Por isso, o acolhimento, o diálogo, a compreensão, a empatia e se colocar no lugar do outro é essencial para a pessoa se sentir compreendida e não se sentir julgada”.

Assessoria de Imprensa

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