Aracaju, 9 de agosto de 2025
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1ª Conferência Livre da Mulher da CUT/SE aprova propostas para a Nacional

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A 1ª Conferência Livre da Mulher da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), realizada na sexta-feira, dia 1º de agosto, na sede do SINDISAN, em Aracaju, reuniu mais de 95 mulheres de todas as regiões do estado de Sergipe. Juntas, as mulheres aprovaram três propostas que serão enviadas para a Conferência Nacional da Mulher. Confira:

  1. Garantir a implementação de um Fundo Nacional de direitos trabalhistas para mulheres informais, assegurando-lhes acesso às informações dos seus direitos, destinando 30% desse fundo para a formação dessas mulheres com o objetivo de inseri-las no mercado de trabalho.
  2. Garantir recursos para implementar a Política Nacional de Cuidados, através da elaboração, construção e divulgação ampla das ações, programas e benefícios dos planos nacional, estadual e municipal de políticas de cuidados, com participação social e do movimento feminista. A Política Nacional de Cuidados deve ser universal, integral e intersetorial, integrando as áreas de políticas para mulheres, idosos, crianças, pessoas com deficiência, saúde, educação, assistência social, trabalho e emprego, rompendo a separação entre produção e a reprodução para garantir desenho adequado às necessidades de contextos sociais específicos.
  3. Instituir ações intersetoriais de apoio à saúde mental da mulher trabalhadora, financiadas pelo Governo Federal, com o intuito de ampliar e fortalecer o cuidado mental como política pública do Estado.

A diretora da Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT/SE, Adenilde Dantas, falou sobre transformações no mundo do trabalho que afetam diretamente as mulheres trabalhadoras provocando adoecimento.

“Neste momento nos assombra a PEC 66 da Reforma Administrativa que pode colocar muitas pessoas na rua. Quando eles inventam uma crise, quem mais sofre são as mulheres, principalmente as mulheres negras, as indígenas, as mães solo, as moradoras das periferias e as trabalhadoras dos setores historicamente subvalorizados. O atual modelo de trabalho normaliza jornadas exaustivas, salários baixos, adoecimento mental e físico, e reforça desigualdades estruturais. Mulheres ainda ganham menos do que os homens, mesmo quando tem maior escolaridade, além de acumular o trabalho com os filhos, com os idosos e com a casa. Portanto precisamos pensar como proposta o fim da escala 6×1”, declarou Adenilde.

Mercado de Trabalho Feminino em Sergipe

A economista do DIEESE, Flávia Rodrigues, informou que 60,7% das mulheres trabalhadoras de Sergipe recebem até 1 salário mínimo, havendo uma taxa de desocupação de 10,3%. Isso mostra que a mulher sergipana além de receber os menores salários, também é o público mais afetado pelo desemprego.

Em Sergipe, mulheres recebem 22% a menos do que homens desempenhando a mesma função. A diferença é maior com o aumento da escolaridade. Homens com o ensino superior completo recebem 37% a mais do que mulheres com a mesma formação e que desempenham a mesma função.

Em cargos de direção e gerência, mulheres recebem por ano, em média, R$ 40 mil a menos do que homens nessas funções.

Rodrigues apresentou dados do IBGE de 2024 apontando que o Brasil contava com 5,9 pessoas ocupadas no trabalho doméstico, deste total 91,9% eram mulheres, 76,4% trabalhavam sem carteira de trabalho assinada, 65,7% sem contribuição previdenciária e recebendo 56% a menos do que mulheres ocupadas em geral. O rendimento médio mensal da trabalhadora doméstica ocupada é de R$ 1.225, enquanto as trabalhadoras domésticas negras têm rendimento médio de R$ 1.156 e as trabalhadoras domésticas não negras têm rendimento médio mensal de R$ 1.376.

Flávia Rodrigues apontou que no contexto crescente da Inteligência Artificial, as mulheres representam apenas 22% dos profissionais de IA em todo o mundo. O dado é preocupante pela sinalização do Fórum Econômico Mundial que aponta os setores da tecnologia, economia, demografia e transição verde gerando 170 milhões de novos empregos até 2030 e destituindo 92 milhões de outros empregos.

A economista ressaltou a necessidade de uma ação coletiva urgente entre os setores público, privado e de educação para lidar com o aumento das lacunas de habilidades.

A 1ª Conferência da Mulher da CUT/SE contou com a presença de mulheres dirigentes sindicais da CUT, SINTESE, MNU (Movimento Negro Unificado), MMM (Marcha Mundial das Mulheres), FETAM (Federação dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal), SINDIJOR, SINDIPEMA, SINPSI, SACEMA (Agentes de Saúde e de Combate às Endemias), SINDOMÉSTICA, SINDISERVE MALHADOR, SINDISCOSE (Conselhos), MST, Sindiserve Muribeca, SINDSLUZI (Servidores de Santa Luzia do Itanhy), SIMDESF (Servidores de São Francisco), Comitê Estadual de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes/SE), SINDISAN (Saneamento) e DIEESE.

Texto e foto Iracema Corso

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