Aracaju, 9 de agosto de 2025
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25 Anos do Ilé Aṣẹ Opo Oṣogunlade; Cineclube estreia com a exibição do filme Egungun

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É com grande honra que anunciamos a exibição do documentário Egungun (1982), obra fundamental que retrata a rica tradição do culto aos ancestrais na comunidade Nagô Ilé Aboula, na Ilha de Itaparica, Bahia. Dirigido por Carlos Brajsblat, o filme reúne registros feitos em 1978, oferecendo um retrato etnográfico singular que preserva e celebra os rituais e a ancestralidade viva e atuante.

A narrativa acompanha o cotidiano de uma comunidade que cultua os Egun — ancestrais que se manifestam no grande festival anual de Baba Olukotun. Com o falecimento de Alagbá Antonio Daniel de Paula, líder espiritual da comunidade, aos 108 anos, inicia-se uma disputa pela sucessão entre seu filho Cosme e o Ojé Domingos. Ao quebrar a tradição e trazer um babalorixá externo durante o ritual das Águas, Cosme desencadeia um conflito que culmina em morte, cerimônia de despedida (Axêxê) e a formação de um triunvirato para restaurar o equilíbrio espiritual da comunidade.

A exibição marca a estreia do cineclube do Terreiro Ilé Aṣẹ Opo Oṣogunlade, em São Cristóvão(SE), e integra as ações comemorativas pelos 25 anos de fundação deste território sagrado —referência na preservação e valorização das tradições afro-brasileiras.

O terreiro é liderado pelo Babalaṣe Reginaldo Daniel Flores, Ogún Tóorikpe, que aparece ainda jovem no filme Egungun, como integrante da comunidade retratada. Sua trajetória espiritual conecta passado e presente: filho de Clarice Daniel de Castro (Osun Toki), oriundo da Ilha de Itaparica e herdeiro de uma linhagem ancestral ligada ao culto de Baba Egun, foi iniciado no Ilê Axé Opô Afonjá, no ventre espiritual de Mãe Stella de Oxóssi.

Hoje, como Babalaṣe do Ilé Aṣẹ Opo Oṣogunlade, Reginaldo atua também como professor, intelectual e artista, mantendo viva a tradição e ampliando seu alcance por meio de ações educativas, culturais e espirituais.

A exibição de Egungun neste momento simbólico reafirma o compromisso com a memória coletiva, a valorização da ancestralidade e o fortalecimento da presença negra e sagrada no território sergipano.

Raphael Borges de Menezes

Aracaju, 12 de julho de 2025

Colaborador do cineclube

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