Aracaju, 1 de maio de 2024
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Jackson participa de homenagens à família Prata na Alese

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As medalhas e títulos foram oferecidos pela Assembleia Legislativa de Sergipe em reconhecimento ao compromisso social que os homenageados demonstraram com a criação, manutenção e ampliação do Hospital do Câncer de Barretos

O governador do Estado, Jackson Barreto, fez parte da solenidade de outorga de Medalha do Mérito Parlamentar (in memorian) aos doutores Ranulpho Hora Prata e Paulo Prata, e de entrega do Título de Cidadão Sergipano aos doutores Scylla Duarte Prata e Henrique Duarte Prata. Ao longo dos anos, a família se dedicou a cuidar de pessoas que não tinham condições de arcar com os altos custos dos tratamentos de câncer e hoje, através do Hospital do Câncer de Barretos, o serviço é prestado a milhares de pacientes, priorizando sempre a humanização.

A solenidade aconteceu na tarde de segunda-feira, 19, no plenário da Assembléia Legislativa. Após o recebimento do título, o diretor-geral do Hospital de Barretos, Henrique Prata, reforçou que Paulo Prata, pai dele e idealizador do centro médico, conseguiu aplicar métodos a fim de tornar possível a oferta dos serviços médicos mais humanizados do país. “Temos a medicina de melhor performance no câncer da América Latina, com equipamentos de alta tecnologia, sem termos como objetivo o viés financeiro, o que faz do hospital de Barretos único. Ele teve origem nos princípios de valores de uma família que nasceu em Sergipe há mais de 100 anos, e persiste nesses valores encantando o Brasil e o mundo, ofertando uma medicina de prevenção, de assistência, estudo e pesquisa às pessoas mais necessitadas. Buscamos honestamente essa força no caminho da fé, sabendo que Deus providencia quando a prova é 100% honesta. O que estou trazendo para cá hoje é uma semente que estamos plantando, e estou muito feliz com a homenagem recebida. Sinto muito orgulho de dizer que hoje sou cidadão sergipano”, reforçou.

Após o discurso de agradecimento, o governador se mostrou muito emocionado com a motivação do homenageado. “Estou muito feliz porque durante a fala do dr. Henrique Prata ouvi palavras de formação humanista, de dedicação ao povo e de solidariedade com os mais pobres. A história do Hospital de Barretos, e da família Prata, são verdadeiras aulas de compromisso social. Além disso, eles são pessoas que têm uma formação religiosa muito acentuada. Dr. Henrique demonstra ser um homem de muita fé, que está à frente de uma obra social altamente profunda e comprometida com o ser humano, e é difícil manter uma obra dessas sem a inspiração na fé divina. Saio da solenidade grato pelas lições aprendidas no dia de hoje”, declarou.

Jackson afirmou ainda que a unidade é um exemplo para os projetos que envolvem esses tratamentos no estado. “Eu visitei o hospital em Barretos e ele é uma referência para nós, que temos o sonho de construir o Hospital do Câncer de Sergipe. Sabemos que quando o nosso estiver pronto, teremos que ter muita competência, pois a funcionalidade de um centro dessa característica, vai além muito além dos equipamentos; os investimentos em manutenção são muito altos e exigem planejamento. Mas cuidar da saúde do povo é um dos nossos maiores objetivos, principalmente de uma população que precisa do carinho especial no tratamento de uma doença tão difícil como o câncer”, complementou.

O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, disse que as homenagens foram mais que merecidas e que o trabalho desenvolvido pela família de Ranulpho Hora Prata é de grande inspiração para todos. “Fiquei impressionado com o trabalho que esta família desenvolveu através do Hospital do Câncer de Barretos. Ao longo de sua história, essas pessoas mostraram que é possível, com trabalho, dedicação, com objetivos e ideais do bem comum, construir projetos tão incríveis como esses. Esta sessão da Assembleia Legislativa foi a oportunidade de homenagear uma família de sergipanos que fizeram o bem e que trazem para nós a possibilidade de construir em Sergipe um projeto que tenha como exemplo a obra de Barretos”, destacou.

O presidente da Alese, deputado Luciano Bispo, disse estar honrado por ter realizado os pedidos dos Títulos de Cidadania. “Honra-me sobremodo ser o autor dos Títulos de Cidadania a dois benfeitores, que na busca da saúde para aqueles que mais sofrem nesse país com o câncer. Os homenageados se destacam pelas ações que empreendem em prol dos mais pobres, procurando diminuir a dor e o sofrimento daqueles que lhe batem às portas e os recebem com sinceridade e espírito superior, espalhados nos seus gestos para com os próximos e nos ensinamentos. Além disso, sem esquecer a origem dos seus antepassados, Henrique Prata nos brinda agora com a instalação de uma unidade do hospital do câncer na cidade de Lagarto, terra do seu avô, o médico e romancista, Ranulpho Hora Prata, voltada para o atendimento humanitário. Agradeço a oportunidade de expressar a minha admiração por essas ilustres pessoas que devem figurar na história do nosso estado. Que essa obra nunca pereça para que milhões de vidas sejam salvas”, escreveu.

Instituto Anna Hora Prata

O Hospital de Câncer de Barretos, em parceria com o Instituto Avon, inaugurou na manhã desta segunda-feira, em Lagarto, o Instituto de Prevenção ao Câncer Anna Hora Prata, nome da mãe de Ranulpho Prata e avó de Paulo Prata. O foco da Unidade será atender mulheres de 40 a 69 anos, e deve ofertar procedimentos como mamografia, exames de elucidação diagnóstica, consultas e biópsias.

A unidade fixa será responsável por realizar cerca de 100 mamografias por dia e, além disso, uma unidade móvel, adaptada com mamógrafo, consultório e sala de espera, atenderá as cinco cidades da regional de saúde de Lagarto e as 14 cidades de saúde de Itabaiana.

Com um investimento de R$ 3.1 milhões oriundos do Instituto Avon, o novo centro tem um significado marcante para o presidente do hospital, Henrique Prata, por representar uma retribuição às suas origens.

Homenageados

Ranulpho Hora Prata foi médico, jornalista e escritor. Nasceu em Lagarto em 04 de maio de 1896, e faleceu em Santos em 24 de dezembro de 1942. Iniciou os estudos em Sergipe e transferiu-se para Bahia, onde concluiu o curso secundário e ingressou na Faculdade de Medicina de Salvador. Formou-se em 1920, pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro. Clinicou em Aracaju, onde organizou um gabinete radiológico, no governo de Graccho Cardoso.

Ranulpho casou-se com a professora Maria da Glória Brandão Prata e, dessa união, nasceu em 1924, o filho Paulo Prata, em Mirassol. Em seguida, o casal mudou-se para Santos. Em 1927, Dr. Ranulpho integrou o corpo clínico da Santa Casa da Misericórdia de Santos, ficando encarregado pelo Gabinete de Raios X e Eletricidade Médica.

Além do pioneirismo na radiologia brasileira, ele ficou também conhecido por seus romances “O triunfo”, “Dentro da vida”, “O lírio na torrente” e “Navios iluminados”. Sua paixão pelas letras nasceu das experiências vividas e compartilhadas pelos seus pacientes durante as consultas. Ranulpho Hora Prata é o fundador da cadeira nº 7 da Academia Sergipana de Letras, hoje ocupada pela Desembargadora Clara Leite de Rezende.

Já seu filho, Paulo Prata, falecido em 1997, realizou os cursos primário e secundário em Santos, e ingressou na Faculdade de Medicina da USP, onde se formou em 1949, juntamente com sua esposa Scylla Duarte Prata. Juntos, tiveram cinco filhos: Cristina, Paulo, Beatriz, Henrique e Clarice.

Dr. Paulo Prata defendeu tese de Doutorado na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), sendo aprovado com nota 10, com louvor e distinção. Com a família, Dr. Paulo mudou-se para o interior. Percebendo as dificuldades que os portadores de câncer residentes no interior enfrentavam para se tratar na capital, criou, junto com sua esposa e com o apoio, dentre outros, do Sr. Antenor Duarte Villela, a Fundação Pio XII, em 1967, transformando o antigo Hospital São Judas Tadeu no primeiro hospital de câncer do interior paulista.

Baseado em sua formação humana, criou princípios que norteiam até hoje a Fundação, como a priorização de atendimento humanizado aos doentes carentes e aos seus familiares, regime de tempo integral e dedicação exclusiva do quadro de funcionários, incentivo à atualização profissional e publicação científica, prevenção de câncer e formação de novos profissionais.

Scylla Duarte Prata, que recebeu a cidadania sergipana, nasceu em Sacramento (SP) no dia 23 de novembro de 1923. Filha de Antenor Duarte Villela e Ruth Vieira Villela, com apenas quatro meses de idade mudou-se com a família para Barretos, onde o pai fez fortuna como pecuarista. Foi colega de turma do Dr. Paulo Prata e namoraram desde o início do curso de Medicina na USP. Casaram em 17 de janeiro de 1948, antes de completar o quinto ano do curso.

Em 21 de dezembro de 1949, Scylla e Paulo Prata receberam os diplomas de médicos e começaram a trajetória de salvar vidas no Hospital São Judas Tadeu de Barretos que em 1967, tornou-se a Fundação Pio XII, dando início ao complexo que é hoje o Hospital do Câncer de Barretos, do qual Scylla é co-fundadora, ao lado do marido.

Henrique Duarte Prata, um dos cinco filhos do casal, e agora também cidadão sergipano, era originalmente fazendeiro. O atual diretor-geral do Hospital de Câncer de Barretos viu-se em um dilema em 1988. Com a hiperinflação no governo José Sarney, o São Judas quebrou e seu pai, Paulo Prata, se afundou em dívidas depois de vender os bens da família para manter o hospital especializado em oncologia. Henrique assumiu os prejuízos pensando em fechar o hospital, mas convenceu-se a mantê-lo funcionando, decisão que mudou a vida de milhares de pessoas pobres que passaram a receber de graça um tratamento só encontrado em grandes hospitais particulares em São Paulo.

Com a visão humanista do pai e a vocação empreendedora do avô, Henrique comanda hoje mais de 500 médicos. Durante sua gestão, ele inaugurou o maior Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Treinamento da América Latina, e construiu uma Faculdade de Medicina para formar os profissionais necessários para levar sua rede de hospitais a outros estados.

História da instituição

Na década de 1960, o único hospital especializado para tratamento de câncer situava-se na capital do estado de São Paulo, e os pacientes que apareciam no Hospital São Judas de Barretos com a doença, eram, em sua maioria, previdenciários de baixa renda, com alto índice de analfabetismo. Por isso, tinham dificuldades de buscar tratamento na capital, por falta de recursos e imprevisibilidade de vaga para internação.

Em 27 de novembro de 1967, foi instituída a Fundação Pio XII, que passou a atender pacientes portadores de câncer. Este pequeno Hospital contava com apenas quatro médicos: Dr. Paulo Prata, Dra. Scylla Duarte Prata, Dr. Miguel Gonçalves e Dr. Domingos Boldrini. Devido à grande demanda de pacientes, e ao velho e pequeno hospital não comportar todo crescimento, o Dr. Paulo Prata recebeu a doação de uma área na periferia da cidade e propôs a construção de um novo Hospital que pudesse responder às crescentes necessidades.

No ano de 1989, Henrique Prata, filho do casal de médicos fundadores do hospital, abraça a ideia do pai e, com a ajuda de fazendeiros da cidade e da região, realiza mais uma parte do projeto. Assim, dois anos depois, em 06 de dezembro de 1991, ele inaugura o pavilhão Antenor Duarte Villela, onde passa a funcionar o ambulatório do novo hospital. Dando sequência ao projeto, outras áreas do Hospital foram construídas ao longo dos anos para atender, via SUS, os pacientes com câncer.

Hoje o Hospital de Câncer de Barretos registra mais de 6 mil atendimentos por dia de forma completamente gratuita. A entidade acolhe pacientes de todo o Brasil, e tem como grande diferencial o profissionalismo e humanização na prestação dos serviços. O complexo ocupa atualmente uma área de 90 mil metros quadrados, com 50 mil de área construída, onde são atendidos 20 mil novos pacientes por ano.

O Hospital de Câncer de Barretos possui diversas unidades de tratamento e prevenção. Nas cidades de Barretos (SP), Jales (SP) e Porto Velho (RO), encontram-se hospitais que oferecem tratamento para as pessoas que já possuem o câncer.

Os Institutos de Prevenção, que realizam exames de diagnóstico precoce, estão presentes em Barretos (SP), Fernandópolis (SP), Porto Velho (RO), Ji-Paraná (RO), Campo Grande (MS), Nova Andradina (MS) e Juazeiro (BA). Campinas (SP) e Macapá (AP) estão com projetos em andamento. Novas parcerias estão sendo fechadas em Rio Branco (AC) e com o estado de Mato Grosso para a construção de Centros de Prevenção. Já em Palmas (TO) será contruído um Hospital de Câncer para tratamento da doença.

Presenças

Também estiveram presentes durante a solenidade o vice-presidente da Alese, Garibalde Mendonça, o senador Eduardo Amorim, o prefeito de Lagarto, Valmir Monteiro, o vereador Thiago Batalha, representando a Câmera Municipal, o promotor de Justiça Deijaniro Jonas, os deputados estaduais Ana Lúcia, Georgeo Passos, Silvia Fontes, Zezinho Guimarães, Capitão Samuel, Luciano Pimentel e Antônio dos Santos, o diretor-executivo do Instituto Avon, Lírio Cipriani, além de familiares, amigos e representantes da Sociedade Médica de Sergipe (Somese).

ASN

Foto Victor Ribeiro

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