Aracaju, 11 de maio de 2024
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Mensagem dos filhos, olhar de Tite, gols: Sheik e as memórias de uma noite

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Ao resumir sua atuação pela Ponte Preta contra o Sol de América, na última quinta-feira, quando garantiu a vitória alvinegra por 1 a 0 aos 44 minutos do segundo tempo, Emerson Sheik tirou onda:

– Gosto desse tipo de partida – referindo-se a jogos eliminatórios em torneios sul-americanos.

O corintiano sabe disso melhor do que ninguém. O exemplo perfeito da química entre Sheik e mata-mata aconteceu na noite de 4 de julho de 2012. Considerada por muitos a conquista mais importante do clube, a Libertadores daquele ano teve o atacante como protagonista. Com dois gols sobre o Boca Juniors na final, em um Pacaembu lotado, ele virou herói de um título inédito.

– Foi um momento mágico para todos nós, uma conquista que o Corinthians não tinha, que o corintiano desejava há muito tempo, impossível não lembrar – disse Sheik, em entrevista ao GloboEsporte.com.

No aniversário de 5 anos da Libertadores, o atacante reviveu as principais memórias daquela noite que mudou a história do Corinthians – e também a sua. Entre as lembranças mais marcantes aparecem a mensagem dos filhos ao acordar e, claro, os dois gols que definiram a vitória do Timão por 2 a 0 sobre o Boca Juniors de Riquelme e companhia.

– Lembro de muita coisa, mas muita coisa mesmo. Os cinco momentos mais marcantes daquele dia… Certamente a mensagem dos meus filhos quando acordei, desejando sorte. O olhar do Tite no vestiário, na hora que fechamos ali. Também a entrada do time no Pacaembu, com a torcida gritando, e os meus dois gols, né.

A festa ficou ainda mais completa pela presença da família de Sheik no Pacaembu. Com os dois filhos e a mãe na arquibancada, o atacante classifica aquela decisão como o grande jogo da sua carreira.

– Foi o momento mais bacana meu como profissional. Meus filhos participaram desse momento. É um presente que vou levar para o resto da vida. A minha mãe ali, passando a história da minha infância, as dificuldades que passei. Então esse lance da minha família talvez tenha sido a cereja da conquista. Foi um momento muito lindo da minha vida.

Mais um motivo que ajuda a explicar a fome de bola que Sheik estava. Após um primeiro tempo truncado, com poucas chances, o atacante resolveu na etapa final. Aos oito minutos, aproveitou ajeitada de Danilo após cobrança de falta, dominou no peito e soltou a bomba para abrir o placar.

Depois, aos 27, fez tudo ao interceptar passe de Schiavi na intermediária, colocar na frente e tocar na saída do goleiro para ampliar e tornar de vez realidade um antigo sonho da Fiel. Diante de tanta coisa boa para recordar, Sheik prefere deixar de lado a confusão em que se meteu com Caruzzo na reta final da partida.

Os dois jogadores trocaram provocações até Emerson, em dividida já nos acréscimos, morder o dedo do argentino. Mas Caruzzo também sofreu com o atacante na bola. Aos 16 minutos do primeiro tempo, Sheik aplicou uma caneta no zagueiro na linha de fundo para levantar a galera. Foi também em cima dele que o atacante arrancou para fazer o segundo gol.

– O Caruzzo não vale (risos). Vamos falar só de coisa muito boa, né. Acabou sendo bacana para o torcedor aquela pequena discussão, mas vamos lembrar só das melhores situações, coisas realmente do Corinthians – brincou.

Ainda que seja – justamente – reverenciado pelos dois gols na decisão, Sheik foi decisivo ao longo de toda campanha alvinegra naquela Libertadores, tanto que terminou como artilheiro do time, com cinco gols. Três deles nas fases mais agudas do torneio.

Além de marcar duas vezes sobre o Boca, foi às redes na primeira semifinal contra o Santos, garantindo uma fundamental vitória por 1 a 0 na Vila Belmiro, que abriu caminho para a classificação à final, quando, de fato, viria a se eternizar como um dos grandes ídolos da Fiel, em um sentimento recíproco.

– O torcedor não tem jeito, estará no meu coração para sempre, para o resto da minha vida. Esse amor é para sempre, até morrer.

 Por Heitor Esmeriz, Campinas, SP

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