A sergipanidade esteve em evidência na segunda noite da etapa classificatória do Concurso de Quadrilha Junina Arranca Unha, realizada nesta quarta-feira, 18, no Centro de Criatividade. O evento, promovido pelo Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), reuniu os grupos Unidos em Arrasta Pé, Assum Preto, Chapéu de Couro, Cangaceiros da Boa, Pioneiros da Roça e Século XX, que trouxeram ao palco a riqueza dos elementos culturais do estado, seja nos passos, temas ou músicas escolhidas.
A fase classificatória é marcada por forte disputa, já que apenas metade dos grupos avança para as semifinais. Mesmo sem o item de pontuação extra para sergipanidade, presente em edições anteriores, as quadrilhas seguem apostando na criatividade para destacar símbolos, costumes e tradições de Sergipe em suas apresentações.
Para o presidente da Associação das Quadrilhas Juninas de Sergipe, Cristiano Dias, a experiência do ano passado foi importante para despertar nos grupos a importância de preservar as tradições. “Mesmo que alguns grupos não tenham compreendido qual era o sentimento de estar colocando esse item, despertou esse olhar para esse ano. A gente sabe que a contemporaneidade exige muito dos grupos que tragam essa inovação, mas não podemos perder nossa identidade, essa característica. É importante preservar nossas tradições”, afirmou.
Entre os grupos, a valorização do que é da terra aparece de diferentes formas. O marcador da quadrilha junina Século XX, Joel Reis, destacou o compromisso do grupo em fortalecer a cultura sergipana: “A gente tem que manter a nossa tradição, nunca podemos deixar de falar de Sergipe. As quadrilhas daqui são diferentes das de outros estados. Nós, da Século XX, temos duas músicas autorais, inclusive uma música que fala do forrozeiro Josa para compor o nosso tema, que este ano é dos retirantes”.
A Cangaceiros da Boa também apostou em referências sergipanas, trazendo o tema “A Mestiça”, inspirado na canção dos artistas sergipanos Chiko Queiroga e Antônio Rogério. O marcador do grupo, Gilney Marques, explicou: “A partir da obra dos artistas, a gente conta a história dessa personagem tão emblemática, trazendo também o folclore, a dança de pareia, e muitas surpresas. Considero muito importante olhar para a nossa cultura, e a arte serve para isso”.
O marcador da quadrilha junina Chapéu de Couro, Jean Carlo, que retorna ao ciclo de competições após uma pausa de 10 anos, valoriza o tradicional das quadrilhas sergipanas, seja nos movimentos, nas vestimentas ou nos temas. “Hoje, no mundo de quadrilha junina, existe uma influência muito grande nas quadrilhas do Ceará, do Pernambuco, Paraíba, desde a vestimenta até a maneira de dançar, algo que eles estão chamando de estilizado. Já a Chapéu de Couro mantém o padrão de dança de Sergipe, com itens idealizados por sergipanos. E isso se percebe no jeito de balançar a saia, de mexer os ombros, que são conhecidos no Brasil inteiro”, contou.
Para a assessora técnica da diretoria de cultura da Funcap, Grazzy Coutinho, a decisão dos grupos em manter a sergipanidade como destaque mostra a força da tradição. “Em todos os temas, praticamente, a gente está vendo a sergipanidade presente. Quando esses grupos ganham os concursos e vão para fora do estado, eles mostram um pouquinho do que nós temos, seja através da renda irlandesa, do barco de fogo ou com temas sobre o sertão. A sergipanidade permanece envolvida na cultura das quadrilhas”, Grazzy.
Resultado da noite
Seguem na competição os grupos: Pioneiros da Roça, em primeiro lugar; Século XX, em segundo; e Cangaceiros da Boa, em terceiro. Na sequência classificatória, foram eliminados da disputa os grupos Assum Preto, Unidos em Arrasta Pé e Chapéu de Couro.
Etapa classificatória
Nesta quinta-feira, 19, acontece a terceira noite de competição da etapa classificatória, com a participação dos grupos Asa Branca, Rosa Dourada, Balança Mais Não Cai, Encanto do Matuto, Pisa na Brasa e Raio da Silibrina. Mais uma vez, seis quadrilhas disputam por três vagas na semifinal, que será realizada em dois dias e culmina na grande final, marcada para a próxima segunda, 23.
Foto: Julia Rodrigues/Funcap