Segundo os dados do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) da Polícia Civil, em Sergipe, a população idosa cresceu 58% nos últimos 12 anos. Em 2023, foram registrados 214 casos de violência contra pessoas idosas no estado, e apenas entre janeiro e março de 2024, já foram registrados 34 casos. O Junho Violeta é uma campanha de conscientização sobre a violência contra a pessoa idosa.
Em entrevista, o médico geriatra Dr. Eduardo Minomo que atua em Aracaju há 19 anos, e é sócio-fundador e conselheiro da Clínica Espaço Ativo Geriatria Integrada, alertou sobre os tipos de violência.
“A mais comum é a negligência, quando os familiares ou responsáveis pelo idoso deixam de oferecer cuidados básicos, como alimentação, higiene, medicamentos. Outra forma de violência é o abandono. Acontece quando há ausência ou omissão dos responsáveis a um idoso que precisa de proteção. Podemos considerar que o abandono é a forma extrema de negligência”, explica o médico.
A violência psicológica ou emocional é a mais sutil das violências. “Inclui comportamentos que prejudicam a autoestima ou o bem-estar do idoso, entre eles, xingamentos e constrangimento. É de difícil notificação. Há, ainda, a violência física, quando é usada a força para obrigar os idosos a fazerem o que não desejam, provocando dor, incapacidade ou até a morte. Incluímos aqui também a violência sexual”, alerta.
Há também a violência financeira ou material, que é a exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou o uso não consentido de seus recursos financeiros e patrimoniais.
Idosos vítimas de violência tendem a adotar postura de isolamento e podem apresentar sintomas depressivos. “Durante a consulta de rotina no consultório, ou, muitas vezes, atendendo algum idoso hospitalizado, o médico geriatra (e, evidentemente, qualquer outro profissional de saúde), deve ficar atento a alguns sinais e sintomas que podem levantar suspeitas de violência. Pois nem sempre o idoso vai se dirigir ao profissional e gritar por socorro”, detalha Dr. Eduardo.
Idosos com aspecto descuidado, que apresentem marcas no corpo mal explicadas ou sinais de quedas frequentes e que tenham familiares ou cuidadores indiferentes a eles, podem estar sendo vítimas de violência.
“Em caso de suspeita de violência contra o idoso, o médico geriatra deve orientar os familiares ou denunciar:
As denúncias de violência contra a pessoa idosa podem ser feitas pelo Disque 100 (Disque Direitos Humanos). O atendimento é realizado diariamente, 24 horas por dia, inclusive aos fins de semana. Outros canais de denúncia são as Delegacias e O Conselho Municipal do Idoso”, orienta.
Mais de 60% dos casos de violência contra idosos ocorrem nos lares.
“Dois terços dos agressores são filhos.
Normalmente os agressores vivem na casa com a vítima, são filhos dependentes do idoso e idoso dependente dos familiares, filhos ou idosos que abusam de álcool e drogas, pertencem a famílias pouco afetivas ao longo da vida e isoladas socialmente. Entre as vítimas de violência estão idosos que tiveram comportamento agressivo com a família ao longo da vida e famílias com histórico de violência”, finaliza Dr. Eduardo.
Fonte: Rodrigo Alves, Jornalista, Assessor de Imprensa. Foto: divulgação.