Moradores do bairro Robalo, zona sul de Aracaju, realizam na manhã deste sábado, 28, mutirão no Cemitério dos Náufragos, localizado na Rodovia José Sarney. Decisão foi tomada em reunião realizada no salão paroquial da Igreja Santa Terezinha.
O objetivo principal dos moradores é preparar aquele espaço para as visitas no Dia de Finados. Além disso, o mutirão servirá para que os moradores realizem um protesto visando chamar a atenção da sociedade e, principalmente, das autoridades para o abandono de um dos mais importantes cemitérios da capital sergipana.
Os moradores se queixam do fato de que a manutenção e todo o serviço de enterros são feitos pela população local, sem que a Prefeitura de Aracaju arque com qualquer custo.
Reclamam também de que o cemitério foi considerado clandestino desde 2007, com pedido de interdição, mas as autoridades não apresentam qualquer alternativa para a prestação do serviço público.
Outra queixa dos moradores do bairro Robalo se refere aos licenciamentos de grandes empreendimentos no entorno do cemitério, sem levar em conta, na visão dos moradores, que os impactos das urbanizações nas proximidades podem inviabilizar totalmente o uso do campo-santo.
O mutirão deste sábado será em torno da limpeza, pintura e pequenos reparos. A mão-de-obra é toda voluntária e o material foi adquirido com recursos arrecadados em um leilão, realizado pelos próprios moradores ou com doações de moradores e de comerciantes.
Segundo José Firmo, um dos organizadores do mutirão, o Cemitério dos Náufragos é um dos mais antigos, remontando de antes da Segunda Guerra Mundial, quando parte dos corpos das vítimas dos torpedeamentos dos navios, na costa sergipana, foram ali enterrados. “Trata-se de um cemitério antigo e importante, que tem um valor histórico muito grande, sendo procurado e valorizado por pesquisadores, professores e turistas de várias partes do mundo, porém não recebe o mesmo valor das autoridades locais”, disse Firmo.
Há ainda uma apreensão muito grande nos moradores do bairro Robalo e adjacências com a possibilidade de perda do cemitério, que além de fazer parte da história local, nacional e mundial, serve até hoje como o único local para enterrar os corpos dos que falecem naquela região.
Os moradores querem, com a organização do mutirão e do protesto na manhã deste sábado, aproveitar o intenso movimento de banhistas e turistas nas praias da zona sul de Aracaju.
Por José Firmo
Foto: arquivo ADCAR