Os cânceres que atingem a região da cabeça e pescoço, além de sua gravidade clínica, causam impactos em funções essenciais como a comunicação, a alimentação e a identidade visual dos pacientes. Isso porque, em grande parte dos casos, os tumores afetam estruturas visíveis e funcionais da face, exigindo cirurgias que deixam cicatrizes físicas e emocionais. Diante desse cenário, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), reforça a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e da assistência integral e multiprofissional, dentro da campanha nacional do Julho Verde.
“O Julho Verde é uma campanha que iniciou em 2015, puxada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, com intuito de informar a população sobre os fatores de risco, sinais e sintomas do câncer de cabeça e pescoço, incentivando a procura de atendimento médico em caso de suspeita para tentar um diagnóstico precoce e orientando a adoção de hábitos preventivos. O tema da campanha deste ano é “Informação Salva Vidas” e manter a população informada é primordial para diagnósticos precoce e melhor resposta a tratamento”, ressalta a médica cirurgiã do HU-UFS, Arli Moraes, que integra a equipe de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do hospital juntamente a três outros profissionais. No HU-UFS, os pacientes contam com atendimento para patologias benignas e malignas da região da cabeça e pescoço e com tratamento cirúrgico quando indicado. No último ano, foram 1874 atendimentos ambulatoriais e 240 procedimentos cirúrgicos.
Os tipos mais comuns da tumores nas regiões da cabeça e pescoço incluem os cânceres de cavidade oral, laringe e tireoide. Entre os principais fatores de risco estão o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e a exposição à radiação ionizante. Alguns sinais de alerta incluem feridas na boca que não cicatrizam em até 14 dias, rouquidão persistente por mais de 30 dias e nódulos no pescoço.
A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é de aproximadamente 40 mil casos novos de câncer da região da cabeça e pescoço para o Brasil, excluindo-se os casos de câncer de pele não melanoma. Se somados os cânceres de pele da região da cabeça e pescoço, a incidência passa dos 48 mil novos casos. Na região Nordeste, são esperados pouco mais de 10 mil novos casos de câncer da região da cabeça e pescoço excluindo câncer de pele não melanoma. Para Sergipe, pelos indicadores do INCA, são estimados 480 novos casos de câncer de cabeça e pescoço e 2080 novos casos de câncer de pele não melanoma.
Em âmbito nacional, excluindo-se o câncer de pele, frequente em ambos os sexos, os dados do INCA evidenciam que nos homens o câncer de cavidade oral é o quinto mais frequente e o de laringe, o oitavo. Já nas mulheres, o câncer de tireoide é o quinto mais frequente. Em Sergipe, a incidência é ainda maior: entre os homens, o câncer de boca é o terceiro mais frequente e o de laringe, o sexto; e entre as mulheres, o de tireoide é o quarto mais frequente.
O diagnóstico precoce é fundamental e é feito, inicialmente, na análise clínica com base nos sintomas, com apoio de exames de imagem e biópsia para cada caso. Em muitos casos, o tratamento é cirúrgico, podendo ser complementado com radioterapia, quimioterapia, terapias-alvo e imunoterapia, conforme a gravidade e o estágio da doença. Em situações mais complexas, como nos cânceres de boca, podem ser necessárias reconstruções com o uso de próteses personalizadas.
Para prevenir os cânceres de cabeça e pescoço, são recomendadas medidas como: não fumar, reduzir o consumo de álcool, manter alimentação saudável, praticar atividades físicas e vacinar-se contra o HPV.
Assistência psicológica e autoestima
A saúde mental é parte essencial no cuidado integral durante o tratamento. Alterações na fala, na imagem corporal e na identidade pessoal afetam diretamente a vida social e emocional dos pacientes. Por isso, o acompanhamento psicológico desde o diagnóstico até a reabilitação é fundamental para ajudar na adaptação, no enfrentamento do processo de adoecimento e na reconstrução da autoestima. O processo pode envolver ferramentas de comunicação alternativa, como gestos e escrita ou o uso de dispositivos, como válvulas fonatórias e laringe eletrônica, recursos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Odontologia no diagnóstico dos cânceres de boca e na reabilitação
Os cânceres de boca podem acometer os lábios, gengiva, bochechas, céu da boca, acima ou embaixo da língua e a região de orofaringe. Entre os principais fatores de risco, além dos já mencionados anteriormente, está a exposição solar prolongada e sem proteção.
O profissional cirurgião-dentista identifica lesões potencialmente malignas, auxilia na prevenção de infecções durante a radioterapia e a quimioterapia, e atua na reabilitação funcional com o uso de próteses bucomaxilofaciais quando necessário.
Além dos cuidados cirúrgicos e das áreas da Odontologia e Psicologia, outras especialidades da saúde podem estar envolvidas na assistência aos tipos de cânceres de cabeça e pescoço, como a Fonoaudiologia, a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional. O trabalho multidisciplinar é essencial para promover mais qualidade de vida ao paciente.
Sobre a Ebserh
O HU-UFS faz parte da Rede Ebserh desde outubro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Fonte comunicacao.hu-ufs@ebserh.gov.br