Aracaju, 25 de agosto de 2025
Search

Sejuc é homenageada na 30ª Semana da Justiça pela Paz em Casa

slide_1a08f28b3f7888811abee99284de9749

A Central Integrada de Alternativas Penais (Ciap), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Justiça e de Defesa do Consumidor (Sejuc), foi homenageada na última segunda-feira, 18, durante a cerimônia de abertura da 30ª Semana da Justiça pela Paz em Casa, realizada no Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE).

O reconhecimento ocorreu com o lançamento e exibição do documentário ‘As Marias’, que retrata histórias de mulheres sergipanas vítimas de violência doméstica, incluindo aquelas que adquiriram deficiência em razão da agressão, além de familiares que perderam mães, filhas e irmãs em decorrência de feminicídio.

O evento integra a mobilização nacional coordenada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que acontece entre os dias 18 e 22 de agosto em todo o país, dentro da campanha Agosto Lilás, mês de conscientização sobre a Lei Maria da Penha. A programação inclui mutirões processuais, ações educativas e iniciativas de acolhimento às vítimas.

O documentário destacou o trabalho realizado pela Central, evidenciando sua atuação tanto no combate à violência quanto na prevenção do ciclo de agressões. Nesse contexto, o diretor da Ciap, Roberto Figueiredo, ressalta a participação do órgão no documentário.

“Além de apresentar a violência doméstica sob a perspectiva das sobreviventes, ‘As Marias’ também ressalta um ponto essencial: a prevenção. A partir disso, mostramos nosso trabalho de reeducação e responsabilização dos autores de violência e a importância dessa atuação para o rompimento do ciclo violento. Por meio do acolhimento e do acompanhamento de nossa equipe multidisciplinar, esses homens têm a oportunidade de desconstruir crenças machistas e compreender o mundo de forma mais integrativa. A homenagem recebida reforça a relevância da nossa atuação”, explicou.

Entre as ações desenvolvidas pela Ciap, destacam-se os grupos reflexivos, que buscam promover a conscientização e a reabilitação dos autores de violência, sem eximir a responsabilidade pelos atos cometidos. Esses grupos são espaços de escuta e aprendizado, voltados à desconstrução de padrões de gênero hegemônicos e à valorização da mulher.

Facilitadora dos grupos reflexivos da Ciap, a psicóloga Karen Belfort explicou a importância dessa atuação. “Nos grupos, nosso objetivo é fazer com que o homem se perceba e se reconheça. Todas as intervenções são voltadas para essa transformação pessoal. A partir da perspectiva de gênero, buscamos desconstruir o machismo e a desigualdade, mostrando que homens e mulheres podem e devem ocupar papéis iguais na sociedade. É possível perceber o quanto os encontros são transformadores não apenas na vida desses homens, mas também no convívio com suas famílias e no dia a dia”, destacou.

Nos últimos cinco anos, cerca de 800 autores de violência doméstica já participaram das ações da Ciap, com resultados expressivos: nenhum caso de reincidência foi registrado entre os atendidos, reforçando a eficácia do trabalho de reeducação e responsabilização.

Prevenção nas escolas

Além do trabalho com os autores de violência, a Ciap também atua na prevenção desde a infância e adolescência, com o projeto ‘Aprendendo com Maria’, que leva o tema da violência de gênero e violência contra a mulher para o ambiente escolar. O programa promove discussões sobre prevenção, conscientização e orientação sobre como e onde buscar ajuda.

“Quando vamos para as escolas, mostramos aos alunos quais são os tipos de violência e como buscar apoio quando necessário. Atuamos com muito cuidado, pois, em muitos casos, a violência doméstica já está naturalizada e os jovens não percebem que se trata de uma violência”, explicou Roberto Figueiredo.

A Central Integrada de Alternativas Penais funciona atualmente no Conjunto Marcos Freire II, na cidade de Nossa Senhora do Socorro, região metropolitana de Aracaju. E também atua no Fórum Gumersindo Bessa, através do Atendimento à Pessoa em Custódia (Apec), acompanhando as audiências de custódia.

Foto: Ascom/Sejuc

Leia também