As eleições deste ano serão uma oportunidade para reforçar o combate à fome, à violência e a defesa da justiça social, igualdade de gênero e raça. São com estas pautas sociais que a Chapa Coletiva Beatriz Nascimento disputa uma vaga para a Assembléia Legislativa de Sergipe (ALESE) no pleito eleitoral.
A chapa é composta por quatro mulheres ligadas à educação e a movimentos sociais e tem como proposta fazer um mandato compartilhado na Assembléia Legislativa de Sergipe e ampliar a participação feminina no parlamento, esfera necessária para o fortalecimento dos direitos femininos e enfrentamento a problemas estruturais como o feminicídio que coloca o Brasil no ranking mundial do 5º país mais violento para as mulheres. Parte deste problema está ligada à sub-representação feminina no parlamento que inviabiliza políticas públicas contra a estrutura patriarcal que reproduz as desigualdades de gênero. Nas Assembleias Estaduais são 161 deputadas em todo o país, o que corresponde a uma média ínfima de 15%.
Com o mote a Luta, Palavra Feminina, a chapa coletiva propõe mudanças estruturais nos espaços legislativos levando as pautas de gênero e dando visibilidade às demandas das populações vulneráveis que sofrem com a exploração, a violência, a fome, o desemprego, a luta por moradia popular e o desprezo pelas políticas públicas voltadas a quem mais precisa.
A pauta central é a defesa de direitos das mulheres, mulheres negras, LGBTQIA+ e jovens. É também uma homenagem ao legado da ativista intelectual Beatriz Nascimento, mulher negra, feminista, professora, poetisa, historiadora e roteirista que morreu assassinada, vítima de feminicídio na década de 90. “Assim como Beatriz Nascimento, as mulheres da candidatura coletiva possuem trajetórias de militância nos movimentos sociais e acadêmicos, questionam as relações de gênero, defendem a igualdade de direitos, e acreditam que a luta feminina passa pelo enfrentamento ao patriarcado, ao machismo, ao racismo e a qualquer tipo de preconceito”, explica uma das candidatas do coletivo, a professora Givalda Bento, nascida na Mussuca, em Laranjeiras, militante da luta antirracial e do Movimento Popular de Saúde em Sergipe.
Para Givalda Bento, “refletir sobre as situações de exclusão é também entender de que forma precisamos repensar as posturas começando pelo voto feminino em mulheres que possuem compromisso com as lutas do povo. No campo político, já assumimos o protagonismo diário de prover a subsistência das nossas famílias, de lutar contra a violência doméstica, mas ainda nos espaços de decisão política somos sub-representadas”, observa.
É também o que pensa Marilene dos Santos, uma das candidatas da chapa. Pesquisadora de educação do campo, ex-dirigente sindical, professora da Universidade Federal de Sergipe há nove anos, e com mais de 25 anos dedicados à educação na rede pública de ensino, Marilene destaca a importância de uma candidatura coletiva formada por mulheres com trajetórias profissionais e militantes na educação.
“Participar deste momento de uma chapa coletiva é muito importante para o nosso estado, que tem uma presença masculina muito grande na Assembléia Legislativa e uma representação de mulheres bem menos equitativa, especialmente mulheres negras. É uma possibilidade de pautar políticas públicas e projetos de interesse da população sergipana com o olhar de quatro mulheres que têm nas suas trajetórias a marca da luta, do enfrentamento às desigualdades e aos preconceitos. Está em uma chapa coletiva é querer trazer inovação para política, querer trazer possibilidade diferente do que a gente tem atualmente de falar sobre política e acreditamos que a proposta de mandato coletivo é uma inovação que vai agregar qualidade a política sergipana”, enfatiza.
Joana Hevelyn Nascimento Oliveira, artista, realizadora audiovisual, secretária de Cultura da Juventude do PT, e uma das candidatas da chapa, lembra que apesar de outros estados já terem candidaturas coletivas, a proposta é muito nova no Brasil, e em Sergipe é a primeira experiência do PT. “Muito me alegra ver o crescimento dessa nova forma de ocupar o parlamento. Construir uma candidatura coletiva de mulheres é pensar fora dos moldes do patriarcado. É interessante observar que somos 4 mulheres e que cada uma traz sua bagagem, sua trajetória porque somos plurais, e que nos encontramos em um ponto comum que é a defesa de uma participação popular para o parlamento, uma participação da diversidade firmando o compromisso com classe trabalhadora na luta pela equidade de gênero, contra qualquer tipo preconceito, por uma educação de qualidade e uma nação soberana”, ressalta.
Laranjeirense, Josivânia Joaquina dos Santos, vice-presidente do PT em Laranjeiras e professora dos sistemas estadual e municipal de ensino, também é candidata da chapa. Ela reforça que do ponto de vista do eleitorado as chapas coletivas representam um desafio de adaptação a uma nova forma de fazer política, que envolve desde a escolha dos representantes nas urnas até o mandato compartilhado conquistado após as eleições.
“Pela legislação tem de ser registrado apenas um nome de um componente do grupo e um único número. No caso do coletivo o nome escolhido é o de Givalda Bento com o número 13900, que caso eleita, assumirá a cadeira para ser o porta-voz do nosso coletivo, ou seja, com deliberação consensuada entre as 4 integrantes do grupo”, explica.
Josivânia destaca que a chapa é também uma inovação ao partilhar um poder entre mulheres que sempre lutaram pelas mudanças sociais. “A chapa é uma proposta da tendência da Militância Socialista (MS) representada pelas companheiras e professoras, a ex-deputada Ana Lúcia Vieira e a atual vereadora de Aracaju, Ângela Melo, mulheres que sempre direcionam seus trabalhados por uma sociedade mais igualitária”, acrescenta.
Fonte e foto Chapa Coletiva Beatriz Nascimento