Aracaju, 8 de maio de 2024
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CUTs do Nordeste discutem soluções para retrocesso da região no governo Bolsonaro

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Aumento da fome, desmonte do Estado, desemprego e resultado negativo de 6.6 do setor industrial da região. Estes foram alguns dos índices apresentados pelo Dieese em reunião on-line das CUTs do Nordeste

O Fórum das CUTs do Nordeste organizou um encontro on-line na tarde da quinta-feira, dia 13 de maio, para discutir medidas de reindustrialização e desenvolvimento da região, que é a principal afetada pelo desmonte do estado e política de fome, implantados por Bolsonaro.

Coordenador Nacional do Dieese, Fausto apontou que – enquanto a taxa de desemprego nacional está em 14,7%, no Nordeste, o desemprego ultrapassa a marca dos 17%. Além disso, mais de 10 milhões de pessoas saíram do mercado de trabalho e deixaram de procurar emprego.

No Brasil, apesar de toda a sabotagem da Operação Lata Jato contra a indústria nacional, a produção industrial ainda conseguiu ter um tímido crescimento de 1,3 no Brasil, enquanto que na região Nordeste, neste mesmo período, a produção industrial caiu 6,6. “Como resolver estes problemas num estado que está sendo desmontado em termos de políticas públicas?”, questionou Fausto.

Segundo o coordenador do Dieese, os cortes do Governo Bolsonaro ao Bolsa Família atingiram uma enorme quantidade de lares nordestinos. “A carestia, as contas que não fecham no fim do mês, a população está sentindo os impactos da crise de maneira muito dura. É necessário um novo modelo de crescimento econômico e social para o Nordeste, diante da situação em que chegamos. Debater o Nordeste é praticamente debater a desigualdade no Brasil”, explicou Fausto.

Bolsonaro: retrocesso civilizatório para o Nordeste

O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, também participou do encontro, onde expôs o retrocesso civilizatório que o Governo Bolsonaro representa para o Brasil e em especial para o Nordeste.

“O fechamento da Ford no Brasil gerou um impacto muito triste. A Ford fechou por conta do desmonte nas políticas adotadas no governo Lula e pela presidenta Dilma. Isso teve um impacto duro no Nordeste e em todo o Brasil”, afirmou o presidente da CUT Brasil.

Sérgio Nobre acrescentou que o Consórcio dos Governadores do Nordeste vem discutindo medidas emergenciais rumo a reindustrialização da região. “Assumo o compromisso de conversar com o Consórcio Nordeste para repensar a relação com o movimento sindical”.

Sérgio Nobre ressaltou que o Dieese e a CUT assumiram a tarefa de mensurar qual o real estrago da Operação Lava Jato contra a economia brasileira com consequências sobre o Nordeste. “A Lava Jato usou a indignação do povo trabalhador brasileiro contra a corrupção em favor de um projeto político de poder que está destruindo o Brasil. Isso a CUT sempre denunciou. Mas assumimos o compromisso de mostrar em números o tamanho do estrago causado.

O presidente nacional da CUT citou o estudo. “A Lava Jato gerou a perda de 3,5% do PIB brasileiro, foram 4,4 milhões de empregos perdidos. Só os impostos que o Brasil deixou de recolher somam em mais de R$48 milhões. “Muitas obras que estavam em andamento foram paralisadas, várias delas no Nordeste. Duas refinarias seriam construídas no Maranhão e Ceará. Tivemos demissão em massa no estaleiro em Pernambuco. Se formos considerar os efeitos indiretos, o estrago foi bem maior até do que este que calculamos. A crise que estamos vivendo hoje, em grande proporção, foi gerada pela Lava Jato”, alertou.

Pacote de privatização para entregar tudo ao estrangeiro

Após as exposições, teve início o debate com os sindicalistas presentes. Para sinalizar que o cenário nacional de crise econômica e social tende a piorar, muitos abordaram a questão das privatizações dos Correios, da Eletrobrás, dos maiores bancos públicos, entre outros temas.

Paulo Tarso da CNU, Dirigente do Sinergia/BA, falou sobre as consequências da privatização da Eletrobrás para a região Nordeste.

“Estamos na contramão do desenvolvimento, desmontando o sistema público de energia. E como todos vocês sabem, a Chesf é uma bola mestra para o desenvolvimento do Nordeste. A Chesf não lida apenas com energia, mas tem uma política de proteção ambiental, geração de emprego e renda, controle das águas do São Francisco no que diz respeito à pesca e à irrigação. Estamos entregando a nossa soberania neste governo. Temos conversado com vários parlamentares para evitar este crime de lesa pátria que estão tentando fazer com o Brasil”, afirmou o dirigente do Sinergia/BA.

A companheira Liana, da CUT Pernambuco, participou do debate para falar sobre a necessidade dos sindicatos irem à base. “Não estou falando só da nossa base. É urgente ampliarmos nossa atuação a partir de uma melhor compreensão das necessidades dos trabalhadores para que sejamos reconhecidos e possamos conquistar a classe trabalhadora para a nossa base”.

Dirigente da Federação dos Trabalhadores do Serviço Público de Sergipe (FETAM/Sergipe), Givaldo Sena falou sobre as dificuldades atuais enfrentadas pelos sindicatos dos servidores municipais. “Temos trabalhado na conscientização dos gestores. Os prefeitos não querem receber o sindicato. É muito importante o fortalecimento das organizações sindicais. Espero que depois deste encontro de hoje, possamos passar para a prática com ações de fortalecimento do movimento sindical”.

Durante o debate, o dirigente sindical do Banco do Brasil, Fabiano Moura, alertou: “O Consórcio Nordeste não é aberto às organizações sociais. Uma proposta interessante seria pautar o consórcio para criarmos um Fórum Social do Nordeste que pudesse, através de uma representação, dialogar com este consórcio”.

Ficou definido, no fim do debate, que todas as ideias levantadas serão organizadas num documento que será elaborado por uma comissão para ser entregue e discutido em reunião com o Consórcio do Nordeste.

Foto assessoria

Por: Iracema Corso

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