Volta e meia, políticos de Sergipe trazem o empresário Luciano Barreto, mantenedor do Grupo Celi e presidente da Associação Sergipana dos Empresários de Obras Públicas e Privadas -Aseopp -, para a roda das questões políticas.
Fazem isso sobretudo em tempos de sucessão, e com um certo desdém – ou má vontade -, atribuindo-lhe atitudes que não são realmente as que ele pratica, como as de achar que quer mandar na classe política, ou coisa parecida.
Não é novidade, no entanto, que Luciano Barreto não esconde de ninguém que gosta de política, que participa dela sem disputa pessoal, que dá pitacos e que é levado muitíssimo em conta por todos os agentes políticos que se elegeram governadores de Sergipe desde 1982. Todos o têm ou já o tiveram como um interlocutor. É ajuizado e pensa com equidade.
Nem é novidade que Luciano, dentro do que permite a legislação eleitoral, ajuda financeiramente um ou outro político mais próximo dele. Ele faz e, como manda a lei, fica exposto lá no site do Tribunal Superior Eleitoral. Esse gesto agrada muito aos contemplados e por vezes decepciona aos que não conseguem ter dele esse mesmo desprendimento.
E foi com essa dicotomia que Luciano Barreto recebeu a exposição feita pelo deputado estadual Georgeo Passos, Cidadania, de três colaborações para a campanha deste ano feitas por ele para três candidatos.
Foram R$ 100 mil para o candidato a deputado federal sergipano Bosco Costa, R$ 100 mil para o candidato a deputado federal brasiliense João Alberto Fraga SiIva e R$ 50 mil para a candidata a deputada federal sergipana Katarina Feitoza.
Luciano Barreto recebeu a divulgação disso por Georgeo nas mídias sociais com cordialidade, mas também com desconfiança – admite que talvez Georgeo quisesse incompatibilizá-lo com outros políticos e deixar parecer, equivocadamente, que ele quer apitar demais na área.
Se “não é novidade que Luciano Barreto não esconde de ninguém que gosta de política”, também não o é de agora que ele é assim.
Não custa lembrar que, ao sair do curso de Engenharia Civil da Escola Política da Bahia – da UFA – como um engenheiro civil ainda imberbe e magricela, ele foi parar numa relação exitosa com Lomanto Júnior, então prefeito de Jequié.
Mas tem um dado bem mais agregador pra esse gostar político de Luciano Barreto: bem antes disso em Jequié, em 1963 ele foi o guia turístico e gestor, como coordenador da embaixada, da ida de uma turma de 40 colegas da Politécnica a uma excursão e incursão pela Europa, varando vários países de ônibus. Para isso, fizeram rifas e outras quermesses sob a liderança dele. Ali, Luciano já houvera sido presidente do DCE da Politécnica. Esse é o jeito dele e é o que o faz longevo e decisivo.
De modo que Luciano Barreto – você goste ou não dele e dos modos de se impor ao mercado e à vida -, não pode ser considerado um intruso na política contemporânea e nem esse gosto dele nasceu de agora e ou por acaso. Ele é um sujeito que sempre num dado dia da semana almoça com 10 amigos da política – nem que seja para debater miolo de pote. Firulas.
E, com outra linguagem, foi basicamente isso o que ele quis dizer ao deputado Georgeo Passos numa mensagem de zap – mesmo porque Luciano Barreto não é do tipo de engolir nada calado. Mais ainda quando se acha certo. E no caso dessas três doações – e de tantas outras que já fez a políticos amigos -, ele afirma que não há nada de errado.
São três pessoas com quem tem relacionamento político legal. Republicano. O João Alberto Fraga SiIva já teve diversos mandatos de deputado por Brasília, é sergipano de Estância e amigo dele desde a época do rascunho da Bíblia. Tem um relacionamento fraterno com Bosco e esteve na raiz da candidatura de Katarina a vice-prefeita de Aracaju.
“Deputado Georgeo, coloco à disposição de vossa senhoria toda a documentação das doações citadas. Acho a transparência indispensável, em especial no processo eleitoral. Espero que seu exemplo tenha seguidores com a publicação de todas as doações, inclusive as do Fundão Eleitoral, estas, sim, com recursos da sociedade”, disse ele ao deputado estadual.
“Em atenção ao respeito que lhe tenho, e a tradição política da sua família, informo que a nossa maior doação é direcionada há 18 anos ao Instituto Luciano Barreto Junior. Importante frisar que esta instituição é proibida de receber verbas públicas. Movido exclusivamente pelo sonho, Luciano Júnior com a convicção de que, onde estiver, está feliz”, disse Luciano a Georgeo.
Por Jozailto Lima – https://jlpolitica.com.br