Durante entrevista, o pré-candidato a prefeito de Gararu, Marcelo de Ary, revela motivos do rompimento com a gestão Zete de Janjão (PSD), expõe críticas ao atual modelo administrativo e apresenta novas perspectivas para o futuro do município.

Na noite da última segunda-feira, 25, em entrevista concedida ao podcast “Política em Destaque”, o jovem pré-candidato a prefeito de Gararu, Marcelo de Ary (União Brasil), expôs as razões que o levaram, assim como outras lideranças, a romperem com a gestão da atual prefeita, Zete de Janjão. Diferente das narrativas que pessoas ligadas à prefeita tentam disseminar, o ex-secretário de Administração da Prefeitura de Gararu usou dos microfones para esclarecer que não teria acontecido nenhuma traição por parte do seu clã familiar em relação a atual gestora. “Pelo contrário, desde os primeiros dias tive o trabalho travado pela própria prefeita e, principalmente, por supostas figuras que exercem poder e influência sobre as decisões”, explicou.

Marcelo de Ary destaca que a gestão não permite que nenhum secretário, que não seja o respectivo sobrinho da prefeita, obtenha nenhum destaque administrativo. A prova dessa atitude seria a centralidade exagerada de poder nas mãos da família da prefeita. “Durante o tempo em que estive à frente da secretaria de administração, não houve a realização de nenhuma reunião coletiva para ouvir opiniões de secretários ou aliados políticos. A gestora do Esceutivo fazia questão de comandar todos os assuntos diretamente, passando por cima de todos os auxiliares”, revela Marcelo.

É fato público em Gararu, que a família de Marcelo, sempre exerceu fundamental importância para a existência do sucesso político da atual prefeita. Sem o esteio forte do legado de seus pais, o ex-prefeito Ary Resende e a ex-vereadora Luciene Resende, certamente quase seria impossível a chegada ao poder da prefeita Zete de Janjão (PSD).

Lideranças

Ao longo do tempo, relata Marcelo, a prefeita Zete tratava de agilizar a adesão de mais pessoas oriundas da oposição, mas sempre adiou qualquer conversa com Marcelo e o seu irmão. “Sempre que tentávamos agendar o diálogo sobre estas definições, a prefeita utilizava o argumento que desejaria a presença do governador, Fábio Mitidieri (PSD), neste encontro. Ou seja, segundo comentários de pessoas próximas à atual gestora, o plano seria tentar usar o governador para tentar solicitar algum espaço no governo estadual, com o objetivo de “calar os filhos de Ary Resende”. Este era o comentário geral que circulava nas principais rodas de conversa de Gararu. Então o afastamento era inevitável, porque eu não vou me calar com o que estiver vendo de errado”, conta.

A gota d’água para o rompimento

Após várias tentativas fracassadas de estabelecer um diálogo sincero e objetivo com a prefeita sobre os destinos da política local, a “gota d’água” para Marcelo foi uma mensagem. “Eu amanheci com uma mensagem do secretário de comunicação me exonerando através de um grupo de WhatsApp. Ou seja, a nossa relação histórica e familiar com a prefeita se encerrou comigo sendo exonerado dessa forma desrespeitosa e deselegante, sem acontecer nenhuma conversa. Agora nós que somos traidores?”, questiona o jovem pré-candidato a prefeito.

Marcelo de Ary disse ainda que não pensava em disputar a prefeitura de Gararu em 2024, mas, diante do acontecido, resolveu atender ao apelo feito pelo agrupamento oposicionista. “Estamos formando o maior agrupamento da história de Gararu, com líderes políticos e pessoas que já faziam parte da oposição e com adesão de vereadores e lideranças que nos acompanharam na saída do bloco de situação. Atualmente, o nosso grupo também possui o atual vice-prefeito e 5 vereadores”, destaca Marcelo.

A escolha do vice-prefeito

Recentemente, Marcelo de Ary divulgou, em suas redes sociais, que o empresário Edjaldo Sales (PT) deverá compor a sua chapa como vice-prefeito. “O nome escolhido em consenso pelo nosso grupo, pois ele também vem de uma família com grande tradição na política de Gararu, seus pais foram vice-prefeitos. Edjaldo também é bem sucedido nos negócios e na sua vida privada, e temos a certeza que deverá contribuir bastante com nossa futura gestão”, pontua Marcelo.

Mais mídia do que trabalho

Durante podcast, ao ser perguntado sobre a situação da atual gestão de Gararu, Marcelo de Ary afirmou: “O marketing feito pela prefeitura de Gararu passa a impressão que a cidade vive uma maravilha. Na verdade, a propaganda disfarça um real desastre administrativo em áreas essenciais, a exemplo de saúde, educação, esporte e geração de emprego e renda. A gestão é mais mídia do que trabalho. Gararu é um dos municípios que mais gasta com publicidade. Foram mais de R$1,5 milhão desperdiçados nestes três anos e três meses de gestão, somente com propaganda. E a gente não vê o município comunicar a triste realidade que as pessoas vivem. Em nossas andanças, Deus é testemunha da situação precária que a nossa população vive. A gente acompanha diariamente esse cenário com tristeza”, lamenta o político filiado ao União Brasil.

Caos na educação

“Infelizmente em Gararu as aulas sempre demoram a começar, devido a diversos problemas de gestão. É transporte escolar precário, reformas de escolas mal feitas e que consomem muito dinheiro, além de péssimas condições de várias unidades escolares”, aponta o pré-candidato oposicionista.

Marcelo de Ary também destacou a enorme quantidade de escolas municipais que foram fechadas pela atual administração da prefeitura, sem realizar nenhuma preparação ou diálogo com educadores e pais de alunos.

Inclusive, ele relata uma série de denúncias graves, a exemplo de alunos estudando em locais precários e sem a mínima condição, amontoados em galpão, com banheiro construído em salas improvisadas e sem porta, com várias turmas juntas e sem nenhum distanciamento mínimo entre estas séries distintas.

Outra denúncia mais grave, é que o município estaria recebendo do governo federal recursos para oferecer um ensino integral que atualmente não entrega em nenhuma escola local. Somente escolas estaduais oferecem de fato ensino integral em Gararu. Por estes motivos, a prefeitura de Gararu só vem reduzindo o seu número de matrículas.

Outros problemas

“A obra do nosso campo de futebol não consegue sair do papel. Foi iniciada em julho de 2021, com um investimento de R$600 mil do governo federal, mas lamentavelmente a incompetência da atual gestão só permitiu construir, até o momento, um muro e dois vestiários. Esta obra sequer possui um projeto arquitetônico, e tudo vem sendo feito no improviso. Gararu já foi bastante forte no futebol, nós tínhamos equipe disputando a série A1 do campeonato sergipano, nos tempos em que nosso pai foi prefeito”, relembra Marcelo de Ary.

“Não sou contra a realização de festas. Pelo contrário, elas são importantes para a economia e eu também adoro diversão. Mas a gente não pode continuar vendo a prefeitura pagar valores superfaturados para shows, com cachê de artistas em seu valor máximo. Enquanto isso, várias comunidades de Gararu agonizam com a falta de abastecimento de água. Para vocês terem noção do descaso, o município não decretou estado emergencial, para não deixar de realizar eventos, mas já temos cerca de 150 carradas de águas atrasadas”, afirma o pré-candidato gararuense.

Solução através do turismo

Gararu apresenta números estarrecedores em desemprego e em utilização de mão de obra informal, sem carteira assinada. Durante a entrevista, Marcelo de Ary expõe como deseja fazer do turismo a grande mola propulsora do desenvolvimento da sua localidade: “Gararu atualmente não possui nenhuma política de turismo, para aproveitar economicamente as nossas belezas naturais que margeiam o nosso rio. Já temos empresários investindo em restaurantes e um hotel, mas não há nenhum atrativo mantido pela prefeitura para fazer os visitantes saírem do hotel e circularem pela cidade, circulando mais recursos em nossa economia. Precisamos criar a secretaria de turismo, para criarmos uma infraestrutura em nossa orlinha, prepararmos a nossa mão-de-obra para atender os visitantes, estimular a formação de passeios em trilhas, realização de feirinhas comunitárias e outros eventos que atraiam e retenham mais visitantes”, prevê Marcelo.

Foto assessoria

Por Elaine Mesoli