Aracaju, 8 de maio de 2024
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Pescadoras do Baixo São Francisco participam de debate sobre INSS

encontro inss trabalhadoras ribeirinhas

Encontro ‘Ações de luta para melhoria do serviço do Inss para trabalhadores’ foi organizado pelo SINDIPREV/SE  e pela CUT atendendo aos problemas apresentados principalmente por trabalhadores rurais e pescadores de comunidades ribeirinhas

O encontro ‘Ações de luta para melhoria do serviço do Inss para trabalhadores’ reuniu pescadoras, marisqueiras e trabalhadoras ribeirinhas do Baixo São Francisco, do povoado Serrão no município Ilha das Flores, dos povoados Saramem e Resina no município Brejo Grande, e do povoado Betume, em Neópolis.

A plateia 100% feminina foi composta por quem necessita mesmo de um INSS forte, com servidores públicos para o atendimento presencial, de agências no interior e de um suporte tecnológico que não exclua, mas ao invés disso auxilie os servidores nesta tarefa do Estado brasileiro de prestar a assistência previdenciária determinada em lei.

Técnico do Seguro Social e secretário geral do SINDIPREV/SE, Deivid Christian revelou que em Sergipe hoje existem apenas 289 trabalhadores do Inss para atender à população e antes do golpe contra Dilma, em 2016, haviam 1.200 servidores do Inss em Sergipe. São números que refletem a realidade nacional, pois em 2016 haviam 40 mil servidores do Inss no Brasil e hoje existem só 18 mil, ou seja, menos da metade. Os números evidenciam a decisão política do Governo Nacional golpista de Temer e Bolsonaro de diminuir a assistência previdenciária concedida à população.

Como o Governo Democrático Popular de Lula está na presidência, a diretora da CUT/SE, Leila Morais defendeu que é urgente uma ação do Governo Federal para fortalecer o Inss e assim atender à população que mais precisa.

A redução do número de funcionários aumentou o número de processos do Inss à espera por análise. Agora em junho de 2023 não é possível agendar perícia do Inss em Sergipe nem para o ano de 2024. A população de Sergipe tem como única opção agendar a perícia para os estados da Bahia e Alagoas.

Deivid revelou que muitos benefícios são negados pela inteligência artificial.

“A inteligência artificial permite o processamento rápido e deveria  ser usada para reconhecer o direito e não para negar o direito. Por exemplo: uma pessoa vai solicitar uma pensão e tem que responder um requerimento com 10 ou 15 perguntas; se ela responder errado, o robô vai negar o benefício, mesmo que a pessoa esteja com toda a documentação correta e tenha direito a receber. Para proteger o direito dessa cidadã, isso não pode acontecer”.

Antônio Joaquim, coordenador geral do SINDIPREV/SE, denunciou o assédio moral que os servidores do Inss enfrentam para bater metas que interferem em sua remuneração. “O servidor é estimulado a negar o benefício para cumprir a meta, por isso precisamos mudar o Inss em favor da população e em favor dos servidores que dedicam suas vidas neste trabalho sobrecarregado e cheio de problemas”, explicou Joaquim.

Outro problema grave que piora o atendimento são as quedas no sistema do Inss que inviabilizam o atendimento. Dirigentes sindicais explicam que quando há queda no sistema do Inss, demora mais de uma semana para o problema ser resolvido e a população que já esperou muitos meses pelo atendimento acaba tendo que esperar ainda mais tempo. Portanto é necessário que haja mudanças em favor de um sistema eficiente para facilitar a vida dos servidores e da população.

As trabalhadoras ribeirinhas da região do Baixo São Francisco em Sergipe que estiverem presente no debate defenderam a reabertura da agência do Inss de Neópolis ou pelo menos a agência do Inss em Propriá, pois atualmente a população fica desassistida com apenas 21 peritos para atender todo o estado de Sergipe nas agências do bairro Siqueira Campos e da avenida Ivo do Prado, no Centro de Aracaju.

A pescadora Cristiane, do povoado Saramém, vive da pesca há 21 anos, paga o Inss há 18 anos, e sofreu um acidente de trabalho há 1 ano e 8 meses, após a perícia do Inss ela teve o seu benefício negado. “Fiquei sem poder trabalhar e também foi negado o meu direito a receber o Defeso, então não foi fácil o que enfrentei. Essa é a situação de muitas pescadoras e pescadores, temos uma vida sofrida”.

Zilda Souza, presidenta da Associação de Mulheres e Homens Pescadores do Serrão/ Ilha das Flores, explicou que tudo isso gera um sofrimento muito grande e os pescadores e pescadoras cobram dela pelos problemas e negação de benefícios do Inss.

O coordenador geral do SINDIPREV/SE, Deivid Christian, afirmou que os relatos das mulheres pescadoras serão utilizados como exemplo para dialogar com o Governo Lula sobre as melhorias necessárias e urgentes para o Inss.

O encontro ‘Ações de luta para melhoria do serviço do Inss para trabalhadores’ foi organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT Sergipe) e pelo Sindiprev/Se (Sindicato dos Trabalhadores Previdenciários de Sergipe), na manhã da sexta-feira, dia 16 de junho, na sede da CUT em Aracaju.

Foto assessoria

Por Iracema Corso

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