Aracaju, 29 de abril de 2024
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60 anos de luta do SINTRAF no município de Lagarto

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No dia 18 de março, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Agricultores Familiares de Lagarto (Sintraf), filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT Sergipe), completou 60 anos de existência e muitas lutas. A comemoração aconteceu no dia 21 de março, no auditório Sindicalista Antônio Viana.

Na ocasião, o dirigente do SINTESE em Lagarto, professor Irineu Oliveira, prestou homenagem in memorian ao senhor Antônio Francisco Rocha, trabalhador rural, professor no município, e ex-presidente do SINTRAF Lagarto.

“Em 1988, Antônio Francisco da Rocha abriu as portas do sindicato para o Movimento Sem Terra (MST). Eu ainda não era professor, era marceneiro e militante do PT, partido que fundamos em Lagarto em 1987. Participamos juntos da primeira ocupação à Fazenda Betânia, no povoado de Aguadas, enfrentamos grande repressão, mas não houve mortes por causa da interferência do Dom Celso e do padre italiano Mário que nos ajudou”, recordou o professor Irineu.

O dirigente do SINTESE destacou a última edição do Grito dos Excluídos em Lagarto, a mobilização contra o impeachment da presidenta Dilma e outros episódios recentes de união e força junto ao SINTRAF Lagarto.

“Nesta comemoração dos 60 anos do SINTRAF, também festejamos a filiação recente deste sindicato combativo e forte à Central Única dos Trabalhadores. Ao longo dos 60 anos do SINTRAF Lagarto, os dirigentes que passaram por este sindicato construíram muitas histórias bonitas, a exemplo da unidade na luta entre professores e trabalhadores rurais na década de 80”, afirmou o professor Irineu.

Também participaram do aniversário de 60 anos do SINTRAF Lagarto, os dirigentes sindicais da Fetase, Marcos e Nadriele Rocha, Izael do STTR Boquim, o representante do STR de Simão Dias seu Nor, a dirigente sindical do SINTESE Lúcia Morais e o secretário da CUT Sergipe, João Fonseca.

“Para representar a diretoria da CUT Sergipe, trago o abraço da companheira Maria Moura, secretaria de Meio Ambiente da CUT e trabalhadora rural no município de Cumbe. Podem contar com a solidariedade e o apoio na luta da diretoria da CUT Sergipe. Para nós, CUTistas, é uma honra e uma vitória importante lutar por justiça social, democracia ao lado de um sindicato como o SINTRAF Lagarto”, afirmou João Fonseca.

O presidente do SINTRAF Lagarto, Evandro Silva, destacou que a melhoria das condições de vida e de trabalho para a categoria trabalhadora rural em regime familiar, nos princípios do projeto alternativo de desenvolvimento rural sustentável e solidário, é o que resume a missão do sindicato.

O presidente do SINTRAF Lagarto ressaltou a importância do movimento sindical e dos trabalhadores rurais na economia do município, assim como para a segurança alimentar de Sergipe.

“Nossa agricultura é responsável por 75% dos alimentos que chegam na mesa da população de Lagarto, por isso sempre pensei grande”, afirmou o dirigente sindical. Evandro Silva ainda prestou contas da estrutura física da sede do sindicato que possui poço artesiano e energia solar.

“Em nossa história de luta, conquistamos a posição de referência em previdência social rural no município, mesmo com as dificuldades e dezenas de escritórios de advogados e outros que fazem política contra o sindicato e afastam o trabalhador do sindicato, o que acaba gerando prejuízo financeiro e social aos agricultores familiares. Atendemos mais de 500 pessoas anualmente acompanhando o requerimento aos benefícios previdenciários. Temos problemas, claro, mas 95% dos benefícios que damos entrada tendem a dar certo”, resumiu.

Para destacar a importância do trabalhador e da trabalhadora rural na movimentação da economia do município, Evandro explicou que os benefícios sociais e previdenciários geram uma movimentação financeira no município que é três vezes superior à arrecadação. Segundo dados do Dataprev, o município arrecadou R$ 40.958.192 no ano de 2016, enquanto foram pagos R$229.185.158 em benefícios. Desse total, R$ 129.928.425 foram para a população que vive na zona rural. Neste período, o valor do FPM para Lagarto foi de R$ 35.600.778.

Evandro agradeceu a oportunidade de comemorar 60 anos de história e luta em prol dos trabalhadores e trabalhadoras rurais agricultores familiares de Lagarto. Durante a comemoração, o presidente do SINTRAF Lagarto aproveitou para falar da situação atual que o Brasil enfrenta.

“Sem trabalhar – depois do golpe de 2016 contra a nossa presidenta Dilma, a vida das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros têm ficado mais difícil. A inflação descontrolada, a fome humilhando o nosso povo, cortes e congelamentos nos recursos da educação, da saúde e muito mais”, criticou o sindicalista.

Para Evandro, os efeitos deste desastre político dificultam a agricultura. “Como plantar e colher com os adubos e fertilizantes com preços absurdos? Como produzir carne, leite, etc., se o preço da ração tá em alta? O cenário da nossa agricultura familiar não é nada animador”.

Segundo o sindicalista, a mulher trabalhadora rural chega aos 55 anos e o homem do campo aos 60 anos e antes de acessar a aposentadoria já tiveram de acessar o auxílio doença.

“Está difícil nas condições que estamos vivendo e com tantos agrotóxicos, com uso descontrolado que se leva. Já era puxado, mas difícil está sendo agora. Muita fé em Deus para superar, do jeito que está a gente perde a esperança”, disse Evandro.

Com a força da história do sindicato e muitos anos de aprendizado na luta, o presidente do SINTRAF Lagarto recordou a força da Greve Geral de 28 de abril de 2017, organizada pela Frente Brasil Popular e Centrais Sindicais. “Foi a maior manifestação da história de Sergipe. Os movimentos sociais e sindicais, nos unimos e intensificamos as mobilizações contra a Reforma da Previdência em 2017 e por isso conseguimos fazer com que os trabalhadores rurais ficassem fora das reformas da previdência social”.

A mensagem clara deixada pelo presidente do sindicato, representando a intenção de toda a diretoria, foi de fé no futuro e disposição para as lutas que virão em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, da justiça social e da democracia brasileira.

Foto assessoria

Por Iracema Corso

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