Foi realizada na Câmara Municipal de Estância, por propositura da vereadora Marta Monteiro, uma audiência pública para discutir o projeto de duplicação da BR-101 Sul, em especial o trecho urbano que atravessa o município. O encontro contou com a presença do superintendente do DNIT, Halpher Luiggi, além de vereadores, empresários, secretários e representantes da sociedade civil, que apresentaram sugestões e expressaram preocupações sobre a obra.
A proposta é considerada fundamental para garantir mobilidade, segurança viária e desenvolvimento urbano em Estância, mas também gera questionamentos quanto aos impactos diretos na vida da população, especialmente nos bairros cortados pela rodovia.
O projeto apresentado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) inclui um contorno viário pela zona oeste, com início no km 144,2, nas imediações do povoado Dizilena, e término no km 156,3, cerca de 3 km após a atual ponte sobre o Rio Piauitinga. O objetivo é desviar o fluxo de veículos pesados da área urbana, reduzindo o tráfego de passagem no centro da cidade, sobretudo nos bairros Cidade Nova e Alagoas.
De acordo com o DNIT, o projeto prevê a construção de 13 obras de arte especiais (OAE’s), sendo seis viadutos, cinco pontes e uma passagem superior. Entre as principais estruturas, destaca-se a duplicação da ponte sobre o Rio Piauitinga, que contará com passeio para pedestres e ciclistas, reforçando o aspecto urbano e humano da obra.
Outros pontos importantes do projeto incluem:
Canteiro central com média de 13 metros de largura e paisagismo;
Faixas de rolamento com 3,60 metros de largura em ambos os sentidos;
Acostamentos de 3 metros e faixas de segurança com 1,2 metro;
Construção de passarelas para pedestres, inclusive nos principais acessos urbanos;
Nova iluminação e possibilidade de estacionamentos e ruas laterais, onde houver viabilidade;
Restauração e adequação do trecho já duplicado entre os km 153 e 156.
Obra esperada há mais de uma década
A duplicação da BR-101 Sul é uma demanda histórica da região sul de Sergipe. O primeiro trecho duplicado chegou à região em 2012, mas desde então os avanços têm sido lentos. A população de Estância aguarda há anos por melhorias, especialmente em trechos críticos como a Cidade Nova, uma das áreas mais populosas da cidade.
Segundo Halpher Luiggi, o edital para contratação do projeto foi lançado no início de 2025. A previsão é que as propostas sejam recebidas até 8 de julho, com início das obras ainda no segundo semestre deste ano, caso não ocorram atrasos.
O cronograma atual prevê:
Início das obras em julho de 2025, com conclusão da duplicação em janeiro de 2027;
Finalização da licença ambiental até julho de 2027;
Contratação das obras também em julho de 2027, com entrega prevista para julho de 2030.
Durante a audiência, moradores e representantes destacaram a importância de garantir que o projeto contemple a realidade urbana de Estância, evitando novos gargalos e ampliando a segurança viária. Um dos principais focos de debate foi o bairro Cidade Nova, que há anos enfrenta problemas de mobilidade e travessia.
O superintendente do DNIT garantiu que a travessia urbana será contemplada com melhorias nos retornos, ações educativas, fiscalização e construção de equipamentos que garantam segurança à população.
No entanto, o clima da audiência não foi apenas de entusiasmo. O vereador Sandro de Bibi foi incisivo em sua fala ao criticar a postura do DNIT com Estância nos últimos anos. Para ele, o histórico de promessas descumpridas e a negligência com a população geram descrédito em relação aos prazos apresentados:
“O DNIT nunca respeitou o povo de Estância. É uma vergonha o descaso com a travessia da Cidade Nova, o acesso para o Bonfim e a ligação com Boquim. Não acredito nesses prazos. O que precisamos é de ação concreta e respeito com a nossa gente. O órgão precisa compreender o impacto econômico e social que essa obra representa para Estância e parar de tratar o município como um apêndice sem importância”, afirmou o parlamentar em tom duro.
Sandro também demonstrou preocupação com a execução do contorno viário, que, embora tecnicamente essencial para retirar o tráfego pesado da área urbana, ainda levanta dúvidas quanto à integração com os bairros e à forma como será conduzida sua implantação.
Por Diogo Oliveira – Comunicando Sergipe