Aracaju, 3 de maio de 2024
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Clube Social daqueles tempos, escreve advogado Carlos Morais Vilanova

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Carlos Morais Vilanova*

A AABB-Estância fez memórias e a esperança de reativação do clube foi encerrada de vez, com a venda do terreno de 12.500 metros quadrados para a Atakarejo, grupo empresarial de supermercados.  Porém, continuam as lembranças e retrospectos sobre o Clube Social, contados por aqueles que viveram a associação.

Recentemente, falando sobre a AABB na Rádio Mar Azul, fui entrevistado pelo ex-vereador e radialista Dominguinhos Machado. No entanto, é relevante dizer que antes de ser convidado atentei que não sabia de alguns fatos sobre a criação do clube e nenhum registro havia no famoso “google”. Só obtive os dados com os fundadores Wellington Vieira (Corretinho) e Carlos Augusto Gomes Barreto (Kaká Barreto), que  iniciaram às suas carreiras no Banco do Brasil, nos idos anos de 1960.

Em resumo, a AABB/Estância foi criada em 1965, por um grupo de jovens funcionários do Banco, sendo instalada na Avenida Capitão Salomão, próximo ao INSS,  numa casa que funcionava o Restaurante Colds.

Assim, vieram as lembranças do meu início em Itabaianinha/SE, cuja AABB também foi fundada numa casa alugada em 1982; e, só posteriormente, houve a construção de boas instalações, por meio de verbas advindas do Banco do Brasil.

E mais reminiscências, que cito: – “aos 20 anos iniciei no Banco, empossado na simpática cidade dos famosos anões, Itabaianinha/SE. Recordo do entusiasmo que tomava conta de mim e da alegria dos meus queridos pais pelo motivo que orgulhava a família. Era um jovem sonhador de origem humilde, que acabava de galgar uma posição importante e privilegiada como funcionário do Banco do Brasil”.

Naquele início da década de 80 é redundante dizer que a Instituição era muito diferente dos tempos atuais; cabendo ressaltar a maior comodidade daqueles anos, com as agências dotadas de muitos funcionários, a dinâmica dos serviços bem mais compassada e o Banco como gestor da famosa conta movimento no Tesouro Nacional, liberando avantajados recursos subsidiados para a área rural e outras operações.

Os ápices das AABBs foram atingidos nessa época, pelas largas verbas, diferenciais salários e benefícios, casas para administradores, alojamentos e muitos funcionários. Todavia, no atual contexto fica difícil a manutenção de um Clube Social, devido à falta de verba orçamentária e pela falta de disponibilidade de funcionários, face à sobrecarga de metas a cumprir, meio ao voraz cenário do mercado financeiro.

Além do mais, são tempos diferentes! Assim, quem vem dos anos 60, 70 e 80 do século passado pôde ver transformações incríveis na história da humanidade! Dentre elas, as mudanças substanciais trazidas pelo esplendor tecnológico das últimas décadas, com notícias quase instantâneas, provindas dos mais distantes pontos do mundo. Assim como, pelas inumeráveis informações e pelas facilidades de interações com as redes sociais e até pelas acessíveis viagens internacionais, utilizadas por muitos.

Mas, para os saudosistas, muito bom imaginar um suposto farol no retrovisor do tempo com lembranças, que visualizam os empolgantes jogos no ginásio de esportes,  campinho, banhos de piscina, toboáguas,  sauna,  sala de musculação,  encontros, bate-papo no restaurante,  cervejada,  churrasco, o famoso 18:50, a escolinha de futebol, as boas festas, os bailes, as matinês, os vários campeonatos realizados e as viagens dos times para os campeonatos externos. Lembranças de shows como o de Belchior, Reginaldo Rossi, Asa de Águia e muitos outros. Lembranças dos primeiros flertes com a atual esposa e muito mais.

Continuando o retrospecto, segundo Wellington Vieira (Corretinho), esse terreno da AABB na Rua Monsenhor Paes Santiago, vendido ao Grupo Atakarejo, foi comprado pelo Banco do Brasil no ano de 1966; e pouco tempo depois, iniciada a construção da sede. No entanto, na gestão do então presidente do Banco a partir do ano de 1987, Camilo Calazans, houve relevantes obras, como a do ginásio de esportes e outros significativos melhoramentos na estrutura do Clube.

Nessa trajetória, muito importante ressaltar que a AABB–Estância em  mais 50 (cinquenta) anos de atividades contou com funcionários do Banco do Brasil, abnegados e apaixonados pelo clube, como Kaká Barreto, Corretinho, David, Derivaldo, José Montalvão de Abreu, Rui Guimarães, José Miraldo de Melo Fontes, Everaldo Cardoso, Pimentel, José Cruz dos Santos e muitos outros.

Ainda, num retrospecto, a criação do espaço em 1965 era para congregar funcionários, famílias e convidados. Entretanto, o clube foi aberto para sócios comunitários a partir de meados da década de 1970, mediante contribuição mensal.

Mais à frente, em novembro de 1986, foi concebido pela Federação Nacional das AABBs e pelo Banco do Brasil, o Projeto Integração AABB Comunidade, que abria nacionalmente os clubes com dois focos de ação: aumento sócios da comunidade e disponibilização das instalações para crianças e adolescentes carentes, que frequentassem escolas da rede pública, para o reforço escolar, atividades esportivas, religiosas, socialização e lazer.

Na AABB – Estância, esse programa nacional foi desenvolvido por quinze anos consecutivos, gerando frutos e trazendo esperança a diversas famílias. Mesmo que em pequena escala procurou minimizar a grande desigualdade social existente, fazendo com que os de tenra idade vislumbrassem novos horizontes.

Portanto, uma história contada de forma resumida; cabendo frisar, entretanto, que a AABB-Estância tem um valoroso acervo de registros e muitas fotos, que era mantido nas dependências do Clube. Oxalá que seja guardado com muito zelo.

Concluindo, há quem questione, se um Clube como a AABB seria importante e viável na atualidade. São tempos diferentes, pelas incontáveis postagens que vemos nas redes sociais, deixando-nos perplexos e confusos num mundo contemporâneo virtual e remoto.

Contudo, restam as lembranças da AABB-Estância, onde mais possíveis eram os encontros sinceros, abraços cordiais e fraternos, o olho no olho; meio àquela forma humana e associativa de conviver presencialmente.

*Carlos Morais Vilanova é advogado em Estância, bancário aposentado

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