As mudanças e eventos climáticos cada vez mais são pauta em todo o mundo e, diante disso, é necessário estar atento e monitorar de maneira constante as situações, possíveis problemas e, especialmente, riscos à população. Neste sentido, o Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura (Sedurbi) e da Superintendência Estadual de Proteção e Defesa Civil (Supdec), utiliza suas estações meteorológicas em 40 municípios do estado, monitorando e gerenciando, em tempo real, situações de riscos, contribuindo para a pronta intervenção dos órgãos responsáveis em casos de necessidade.
As estações ficam localizadas em prédios ou instalações públicas nos municípios, como sedes do Corpo de Bombeiros Militar, delegacias e fóruns, evitando problemas como roubos de fiação, por exemplo. Os equipamentos possibilitam às coordenadorias de Defesa Civil, municipais e estadual, além da sociedade civil, informações em tempo real sobre dez índices: volume pluviométrico, temperatura, umidade relativa do ar, pressão atmosférica, radiação solar, evapotranspiração, índice ultravioleta, direção, velocidade e rajada dos ventos.
Tais equipamentos possuem a parte técnica desenvolvida por uma empresa, responsável pela instalação e manutenção, enquanto a Defesa Civil estadual fica responsável pelo monitoramento do funcionamento dos mesmos. As atualizações climáticas são disponibilizadas de hora em hora, no site da Defesa Civil, de forma automática. Por meio delas, é feito o acompanhamento dos índices em questão.
A gerente de monitoramento e alerta do órgão, Lumma Costa, explicou como funciona o sistema de forma geral, e o contato com os coordenadores das Defesas Civis municipais. “Elas medem os dez índices que a gente acompanha, e faz essa atualização por hora. Também acompanhamos em relação à demanda. Sabemos que, no caso de um período de chuva, vamos acompanhando o dia e correlacionando com as ocorrências. Se a gente sabe que um ponto já choveu bastante, já ficamos de olho e em contato com os coordenadores. Esses índices servem para dar imediatamente esse feedback, sabermos onde atuar e, também, a longo prazo, ter uma base de estudo e correlacionar os índices”, pontuou.
Esse contato com as Defesas Civis municipais é fundamental. Este ano, inclusive, foi alcançado um feito histórico: pela primeira vez, todos os 75 municípios sergipanos passaram a ter coordenadores municipais de Proteção e Defesa Civil, por meio de uma parceria com o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Além disso, capacitações constantes são feitas visando estes coordenadores – a última delas no início do ano, visto que, com as mudanças nas prefeituras, 75% dos coordenadores foram alterados.
A superintendente-adjunta da Defesa Civil estadual, major Flávia Emanuela. detalha essa dinâmica. “Hoje, temos contato com os 75 municípios e, a partir de um grupo de WhatsApp, pedimos informações sobre como está a cidade. Disponibilizamos um formulário on-line, em que eles nos passam o que aconteceu, nos informam sobre a quantidade de famílias assistidas e afetadas, se há desabrigados ou desalojados e, a partir daí, pedem o apoio da Defesa Civil do Estado. Disponibilizamos uma equipe até o local, para dar apoio à prefeitura. Quando ultrapassa a capacidade de atuação do município, aí o Estado entra”, ressaltou. Nestes casos, a Defesa Civil do Estado atua não apenas como um órgão, mas como uma rede de intermediação com os municípios. A partir dela, por exemplo, é possível decretar situação de emergência e captar recursos federais.
Atualmente, 40 estações estão instaladas pelo estado. O plano traçado pelo governador Fábio Mitidieri é, em um futuro próximo, chegar a 75 estações, uma em cada município do estado. Já foi realizada uma licitação, por meio da Procuradoria Geral do Estado (PGE), para aumentar o número atual em 20%, chegando a 50 estações meteorológicas. “Pode acontecer, em algum momento, de ter mais de uma em um município específico, depois de completarmos todos, a partir da extensão territorial. Há municípios, por exemplo, que precisam declarar chuva intensa, enquanto, ao mesmo tempo, possuem regiões afetadas pela seca. O projeto inicial é aumentar em 10, os 25% permitidos e, depois, buscar uma nova licitação para preencher todo o estado”, explicou a major Flávia.
Integração com a Semac
O trabalho da Defesa Civil é feito em conjunto com outros órgãos, em especial a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Ações Climáticas (Semac), que também possui suas estações meteorológicas, mas, diferente do que muitos podem imaginar, a Semac é a responsável por realizar a previsão do tempo, e informa a Defesa Civil, que emite possíveis alertas de situações climáticas.
Essa previsão acontece em conjunto com órgãos nacionais, como o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad). Diariamente, inclusive, a Defesa Civil estadual participa de briefings sobre as previsões junto à Nacional, discutindo números e estratégias. “A partir dos índices, estudamos e vemos a necessidade de emitir um alerta, vendo se aquela chuva ocasionará uma necessidade de atenção à população. A partir de dados desses órgãos de meteorologia, analisamos e emitimos alertas. Tudo é conversado e integrado”, acrescentou a superintendente.
Mudanças climáticas
Dentre tantos números, dados e monitoramentos, há uma nova pauta com importância cada vez maior: mudanças climáticas. Os efeitos das alterações são sentidos em todo o planeta, e isso exige atenção e debate constantes entre quem trabalha na área. Por isso, a Defesa Civil tem participado de diversas discussões, inclusive em nível nacional, capacitando seus profissionais para encarar situações antes inexistentes. “Esse tema vem sendo muito debatido dentro do nosso sistema, inclusive o nacional, pois todo o país enfrenta mudanças. Temos feito muita capacitação, também, com reuniões, palestras e seminários, preparando nós mesmos e os coordenadores municipais. O clima está mudando, o Brasil está apresentando situações extremas. Nosso país sempre foi muito tranquilo em relação ao clima, porém, hoje em dia não está mais assim”, frisou Lumma Costa.
A pauta climática cada vez mais presente também exigiu mudanças de abordagem no próprio trabalho do órgão. Antes, a atuação era mais voltada à gestão de desastres, hoje, no entanto, ela trabalha diretamente na gestão do risco. “Antigamente, se esperava o desastre acontecer para atuar, agora a gente trabalha preventivamente, mapeia o risco, analisa a situação e tenta mitigar os efeitos do desastre. Sabemos que as estações climáticas são cíclicas e não vamos evitar a chuva, mas, sim, os danos, mitigando o sofrimento das pessoas”, pontuou a major Flávia Emanuela.
Neste sentido, a Defesa Civil faz um trabalho intersetorial, em parcerias com outras pastas, para diversas orientações conjuntas. É o caso da Secretaria de Estado da Saúde (SES), por exemplo, com campanhas para hidratação das pessoas e dos animais.
Foto: Igor Matias