Aracaju, 12 de maio de 2024
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Vereador Binho participa da entrega do titulo de cidadã Aracajuana a Delegada Viviane

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Na tarde desta quarta-feira, 30, o vereador Binho participou na Câmara Municipal de Aracaju da entrega do título de cidadã Aracajuana à delegada da polícia civil Viviane Cruz .

Biografia:

Era uma vez um casal peculiar, formado pelo senhor Linderval Carvalho e pela senhora Beatriz Pessoa. Moravam em terras da Bahia, um dos maiores polos da cultura e valorização da identidade nacional.

Linderval trabalhava com manutenção de elevadores. Era um homem educado, polido e pacificador. Sociável e bem quisto por todos, tinha por hábito anotar as datas de aniversário dos conhecidos para levar uma lembrança. Às vezes fazia uma ligação ou uma visita apenas para saber como a pessoa estava, se precisava de algo e como poderia ajudar. Diriam que tinha todas as qualidades de um homem de bem.

Beatriz Pessoa era professora, estudou filosofia e graduou-se em Artes. De fato, ela era uma artista. Dona de uma personalidade forte, carregava consigo o sangue indígena e fazia questão de honrar a sua origem, defendendo questões sociais, reivindicando seus direitos e  se preocupando em sempre proteger o meio ambiente. Beatriz, sem dúvidas, foi uma mulher com fala de poder que o futuro denominaria como uma Leoa que, assim como Linderval, tinha o acolhimento como parte da sua essência.

Desse casal nasceram três filhos, a  primeira foi Ana Valéria, por último Linderval Filho (o Dedeu) e entre eles Viviane Cruz. Juntos, formavam uma família linda onde predominava a força que a razão humana ainda não foi capaz de compreender desde os primórdios, mas que o coração não pode viver sem: o amor. As decisões, antes de serem tomadas, eram sempre compartilhadas com uma mãe que contextualizava e um pai que era sábio, uma mãe cuidadora e um pai atencioso. Havia sempre um ar de simplicidade e leveza naquele ambiente harmonioso.

E nesse contexto ia crescendo a pequena Viviane. Estimulada à expressividade por sua mãe, pintava os azulejos da casa em paredes só dela. Compunha poesias enquanto aprendia a escrever, que eram anotadas pela prima Marta. Curiosa e atenta, gostava de estar perto dos adultos e de escutar as conversas para compreender melhor o mundo. Quando tentavam lhe convencer de algo, as ideias lhe passavam pelo crivo do seu senso crítico, bem desenvolvido para idade infantil. Tinha um ímpeto pela autonomia. Sempre sendo orientada a acreditar no seu potencial, na superação das suas dificuldades. Ainda pequena, fazia perfumes caseiros para vender e negociava com as colegas de escola as famosas borrachinhas perfumadas, objeto de desejo de quase todas as garotas da época. Sentia que queria fazer por seus pais tanto o quanto faziam por ela. Era movida por um poder que não conseguiam compreender, o qual mais tarde denominariam como bênçãos. Exceto quando o filho da professora puxava o seu cabelo na escola. E quantos sorrisos e sonhos foram cultivados quando, com lençóis e travesseiros, toda a família brincava de cabana. Sementes de desbravar plantadas em corações.

E parte desse desbravar tinha um destino, a Cidade de Aracaju, onde vinham com frequência passar as férias. Além de comerem o caranguejo e o tradicional biscoito copa do mundo, sentiam-na como uma cidade acolhedora. No caminho vinham “Correndo ao encontro dela, com o coração disparado, mas andando com cuidado”, como ecoava no carro a voz de Roberto Carlos cantando a música Caminhoneiro. (Pausa de 30 segundos para o refrão da Música). E foi esse destino de férias que se tornou o lar dessa família em 1984, quando o pai decidiu mudar seu empreendimento para Aracaju. Neste lugar, Beatriz começou a ensinar no Centro de Criatividade, deslocando-se de ônibus, quase todos os dias,  de Aracaju para a Cidade de Socorro, onde ministrava as aulas.

Com sua capacidade ímpar de desbravar e se adaptar, Viviane logo se moldou a sua nova realidade. Já havia desenvolvido o entendimento de que é preciso viver com as limitações que a vida impõe e não afundar-se na angústia e chateação. Assim, explorava as oportunidades a seu alcance, fazia muitos estágios e tentava bolsas de estudos em busca de sua autonomia e para ajudar na gestão da família. Aprendeu, também, que é possível fazer previsões, mas que é preciso deixar o coração aberto para o imprevisível.

E em meio ao imenso reino do imprevisível, ainda na sua adolescência, encontrou com João Pereira. Um encontro que o destino, com a ajuda de um Santo, faria ocorrer novamente no futuro. Algumas noites, recolhida em seu silêncio e quietude, Viviane orava a São Judas Tadeu, pedindo que lhe desse um sinal quando o amor da sua vida surgisse. E eis que um dia João Pereira retorna de uma viagem e lhe traz de presente um santinho de São Judas Tadeu. Formaram um casal sem igual, no qual a praticidade dela se complementa com o senso de iniciativa dele. Juntos a mais de trinta anos, ao fim de um dia difícil, ela sabe que irá retornar ao lar ali terá o apoio, o frescor e o zelo de um homem que respeita o seu espaço e que é fã do seu trabalho, pois ambos mudaram e se desenvolveram juntos. O laço na fitinha dado por São Judas Tadeu traria muitas alegrias na vida de ambos, pois uma das características de Viviane era sua fé inabalável em algo maior.

Sempre movida por pensamentos positivos e acreditando no poder da execução, desbravava todas as opções da área do direito e não contabilizava as derrotas, mas sim o aprendizado. Prestou concurso para delegada da polícia civil, sendo aprovada no Estado da Bahia e Sergipe no mesmo período. Sua dúvida de onde firmar sua vida pública foi facilmente diluída por seu senso de gratidão e apreço por Aracaju, optando por assumir em Sergipe a sua função, pois já sentia por essa Cidade um amor tão grande quanto sua terra natal.

Foi esse mesmo afeto que lhe moveu a escolher trazer ao mundo, em Aracaju, seus filhos: o João Pedro, garoto imaginativo, artista e lúdico, com dez anos; e José Henrique, de oito anos, analítico, eloquente e introspectivo. Eles ensinaram a Viviane e João como serem pais, com uma sensação inexplicável de que eles sempre estiveram, de algum modo, presentes na vida deles. Um amor que cresce a cada dia. E no olhar deles há um brilho em especial, o brilho do avô

Linderval que foi para junto de São Judas Tadeu, o santo do funcionário público, em 2016, ajudar a guiar o caminho de seus filhos, dos netos João e José, assim como dos demais netos Lucas e Thiago – filhos da Ana Valéria -, e Gabriel – filho do Dedeu. Os cinquenta anos de casamento com a Beatriz deixaram como legado ao mundo uma bela família e o seu exemplo de dever, afeto e dedicação ao próximo.

Em seus mais de vinte anos na polícia, Viviane encontrou uma polícia muitas vezes não veiculada na mídia. Uma polícia que usa seu poder para acolher, proteger, auxiliar e ajudar. Aprendeu, especialmente, que o poder requer humildade. Humildade para valorizar-se sem desqualificar o outro, que pode não fazer melhor, mas pode sim fazer diferente. Que nada pode ser feito só, mas sim em conjunto, se completando e em cooperação, uma rede cujo objetivo final é fazer acontecer, fazer brilhar. Por tanto, acredita que é preciso desenvolver os potenciais de cada um, não apenas dar as soluções. E como gestora que se descobriu, uma inquietação que, às vezes, lhe ocorre é o que pode ser feito de melhor pelo outro, pela sociedade, pela Cidade, pois a limitação é algo a ser vencido. Entretanto, também aprendeu que há que se ter em mente que se não foi possível vencer depois de tudo que poderia ser feito, é porque não era para ser. Ainda que surjam dúvidas. É preciso ter certeza de que se é capaz, pois sempre haverá dúvida pautada por outros. Trata-se de um exercício de fortalecimento diário.

E essa história que começou como um conto de um amor e se tornou a epopeia de uma heroína, hoje tem mais um capítulo. Um capítulo intitulado Aracaju. O capítulo da Cidadã aracajuana Viviane Cruz.

Fonte e foto assessoria

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