Deputado esteve no Campus do Sertão da UFS e conheceu o projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos, ação que fortalece a agricultura familiar e recupera áreas degradadas
Fortalecer o cultivo do algodão no semiárido através de consórcios agroecológicos, promovendo a produção de alimento e a geração de renda, e ampliando horizontes da agricultura familiar. Essas são algumas das vertentes do Projeto Algodão, iniciativa coordenada pela ONG Diaconia, de Pernambuco, em parceria estratégica a Universidade Federal de Sergipe (UFS, Campus Sertão – Nossa Senhora da Glória), a Embrapa Algodão e o Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC), que ajudam produtores a desenvolver um modelo sustentável com base na agroecologia, criando oportunidades de consorciamento do algodão orgânico.
Defensor da agricultura familiar e da integração da universidade com o homem do campo, o deputado estadual Zezinho Sobral (Pode), que é vice-presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), foi até a Unidade de Aprendizagem em Pesquisa Participativa (UAP), no assentamento Cachoeirinha 1, para ver de perto a iniciativa. Neste local, está a propriedade do agricultor Humberto Vieira, que cedeu tarefas de terra para experimentos do projeto.
Na opinião de Zezinho Sobral, o acesso à educação e à tecnologia fortalece os agricultores familiares. “A parceria do Campus do Sertão da UFS com as ONGs que atuam no semiárido cria oportunidades de desenvolvimento sustentável. O Seu Humberto abriu as porteiras de suas propriedades para receber o projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos, ampliando possibilidades de crescimento. Com o projeto, o algodão se integra ao milho, ao gergelim e à pecuária leiteira da região e recupera áreas degradadas”, afirmou Zezinho Sobral.
Ainda segundo o parlamentar, o Campus do Sertão vem fazendo a diferença no enriquecimento da pesquisa e de boas práticas para o homem do campo. “Nosso sertão é rico e próspero. É uma região com vários processos avançados de desertificação e trabalha essa proposta que se integra à bacia leiteira. Há também ações de desenvolvimento para usar o esterco no roçado com uma série de práticas integrativas no campo da pecuária com a lavoura. Todo trabalho de recuperação e conservação de solo feito e o resultado com práticas simples que dão resultado. Fiquei encantado com a aplicação do conhecimento e de novas tecnologias para o fortalecimento do agricultor familiar e na diversificação das culturas. O projeto gera renda para os agricultores, promove o uso responsável do solo e do meio ambiente”, destacou Zezinho Sobral.
O projeto Algodão visa gerar renda para mais de duas mil famílias com o aprimoramento e expansão do algodão agroecológico consorciado com outras culturas alimentares em seis estados do semiárido nordestino. A estimativa de produção é de mais de 70 toneladas de pluma orgânica, 127 toneladas de feijão, 242 de milho e 23 de gergelim. O projeto teve início em agosto de 2018 e conta com um subsídio financeiro de R$ 5 milhões enviados pelo Instituto C&A.
Em Sergipe, o Projeto Algodão é desenvolvido com 137 famílias de seis municípios do Alto Sertão: Nossa Senhora da Glória, Monte Alegre de Sergipe, Gararu, Porto da Folha, Poço Redondo, Canindé do São Francisco. Todo trabalho de recuperação e conservação de solo feito e o resultado com práticas simples. O professor da UFS Felipe Tenório Jalfim é o coordenador do projeto pela instituição e explica a importância da iniciativa para os agricultores familiares. “Ele fortalece o Campus do Sertão, o resgate da cultura do algodão, a agricultura familiar, a agroecologia e a cadeia produtiva, diversificando a Bacia Leiteira do Alto Sertão. A grande essência desse projeto é fortalecer a produção, familiar saindo da monocultura do milho e agregando à pecuária, ao algodão, ao gergelim e o feijão de volta, preservando o meio ambiente. Todo esse movimento promove a geração de renda, dentro de uma perspectiva de preservação ambiental. O agricultor começa a fortalecer e enriquecer o solo dele. Cachoeirinha é um polo, mas o projeto está ainda no Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco”, destacou.
Na opinião do reitor da UFS, Valter Santana, as ações da instituição vão além da formação profissional. “Agradecemos aos agricultores e toda a comunidade que confia na UFS e na importância da pesquisa para levar conhecimento, resultados e fortalecimento para a agricultura. A universidade pública não faz sentido se ela não tiver aproximação da sociedade. É muito importante esse resgate do algodão agroecológico com a associação de tecnologias que promovem menor mão de obra e maior produção”, destacou.
Para o professor, está em processo a fundação dos Organismos Participativos de Avaliação de Conformidade Orgânico (OPACS), ou seja, associações certificadoras de alimentos orgânicos, aptas a conferir o Selo Brasileiro de Produto Orgânico às culturas produzidas nas propriedades rurais. “A OPAC vem a ser um instrumento essencial para o desenvolvimento da agricultura familiar, tornando-se um espaço de organização das famílias da agricultura familiar, a produção sustentável e diversificação produtiva”, complementou o professor.
Quem também acompanhou a visita foi Iva de Jesus Santos, presidente da Associação de Certificação Orgânica Participativa de Agricultores e Agricultoras do Alto Sertão de Sergipe (ACOPASE). “É uma certificadora participativa que reúne famílias participantes deste projeto. É uma grande vitória para a região e para a agricultura. Ficamos felizes ao ver os resultados de toda essa caminhada na produção de alimentos e de algodão nos consórcios agroecológicos. Sem dúvida, a instalação da miniusina para o descaroçamento do algodão em transição orgânica, da pluma e do caroço atesta o resultado positivo do projeto. Torcemos para que cresça mais e mais”, comentou.
Para o agricultor Humberto Vieira, a parceria com a universidade está fazendo a diferença na nossa vida e mostrando o resultado.” A gente vem mantendo uma meta de produção onde diminuímos a quantidade de produtor que tivemos de 2019 para 2020 e superamos a produção mesmo assim. Sabemos que é difícil. Depois de 30 anos, o produtor voltar à atividade que vimos nossos pais e avós trabalharem, com muita luta dentro do sertão, conseguimos resgatar esse projeto. Fiquei muito feliz em receber as visitas e os apoios para nós que estamos no campo. Nossa área é de produção e de pesquisa”, agradeceu o agricultor.
Ao lado do deputado Zezinho Sobral, participaram da visita o reitor da UFS, professor Valter Santana, a diretora da UFS Campus do Sertão, Anne Kelly, o professor Fernando Tenório, coordenador do projeto, professores de Agronomia e Agroindústria, moradores do assentamento Cachoeirinha, membros do Diaconia (de Pernambuco), do Centro Dom José Brandão de Castro, que promove a assistência técnica, difusor da tecnologia, Iva de Jesus Santos, da ACOPASE, que está cadastrada, junto ao Ministério da Agricultura, para fazer a certificação de orgânicos, o coordenador do curso de agroindústria da UFS, professor Maycon Reis, o diretor pedagógico do Campus do Sertão, professor Valdir Ribeiro Júnior, o assessor do gabinete da reitoria da UFS, Jodnes Sobreira.
*Com informações da UFS e Diaconia
Ascom Deputado Zezinho Sobral