O eleitorado jovem cresceu significativamente nos últimos anos, fruto de uma conscientização indireta oriunda do acesso facilitado à informação. Noutra perspectiva, eleitores antes indispostos passaram a se interessar mais e a repercutir no voto a exigência por resultados. Assim caminha o novo eleitorado.
O Tribunal Superior Eleitoral indicou que, em 2024, ano de eleições, o eleitorado de 16 a 17 anos cresceu 14,22% em relação ao último pleito municipal e que o eleitorado de 16 a 24 anos representa atualmente 12% de todos os eleitores do Brasil. Tais dados demonstram que a presença dos jovens nas urnas é uma crescente e molda o formato de comunicação e de estratégia política, sobretudo em um contexto social em que as redes sociais são cada vez mais presentes.
O aumento significativo do eleitorado jovem ativa a necessidade de se comunicar melhor com esses importantes atores da construção comunitária, muito além das estratégias de marketing que visam tornar o candidato ou político mais simpático. É preciso ir além das *trends*, hashtags e falar sobre política de verdade com a juventude.
Muito além de tratar a juventude como nicho identitário ou constituir unidades orgânicas na estrutura administrativa para contemplar determinados discursos, o trabalho real e programático em torno da preparação profissional, intermediação com o mercado de trabalho e acompanhamento das demandas individuais dos jovens precisa ser levado a sério.
O novo eleitorado, além de demonstrar que faz a diferença percentualmente em cada eleição, tem o potencial de moldar o comportamento político após as eleições e, sobretudo, alterar a cultura política por meio da participação. A estratégia de definir as discussões sobre os jovens como pauta estritamente identitária e teórica já se mostrou infrutífera para os resultados eleitorais.
Raramente se vê uma liderança política consolidada nas urnas surgir de uma posição de gestão de setores públicos voltados à juventude. Suspeito que não por incompetência, mas por inutilidade de estratégia. Os próprios fatos permitem afirmar que não é possível atingir o novo eleitorado sem falar em emprego, oportunidades e melhorias na qualidade de vida.
Programas de impacto direto, como o Primeiro Emprego e Aluno Monitor do Governo do Estado de Sergipe, bem como o Jovem Trabalhador Muribequense do Município de Muribeca, surgem como ferramentas mais efetivas de convencimento e comunicação com o jovem eleitor do que os infinitos fóruns e colegiados que, apesar da importância retórica e de construção teórica, não geram impactos diretos na satisfação dos anseios da grande massa jovem.
Outro fator que deve ser levado em consideração é como estão sendo construídas as bases jovens das militâncias partidárias. O desafio de tornar o jovem eleitor em militante esbarra na ausência de identificação programática. Os partidos perderam o ânimo de levantar suas bandeiras e, com isso, deixam de apelar para a empolgação genuína da juventude.
Os eleitores jovens têm a capacidade de definir uma eleição porque são muitos e repercutem seus posicionamentos, influenciando o eleitorado geral. Comunicar-se e trabalhar pelos jovens surge cada vez mais como uma obrigação da política, tornando os ambientes de diálogo e debate com a juventude cada vez mais propositivos nas áreas essenciais. Apenas os jovens com oportunidades se tornam líderes e cidadãos bem-sucedidos.
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